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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

CIENTISTAS PORTUGUESAS DISTINGUIDAS EM INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

Quatro cientistas portuguesas foram distinguidas com um prémio no valor total de 60 mil euros por projetos de investigação sobre cancro da mama, microcefalia, comportamentos aditivos e preservação de aves aquáticas, anunciou esta terça-feira a organização.

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Quatro cientistas portuguesas foram distinguidas com um prémio no valor total de 60 mil euros por projetos de investigação sobre cancro da mama, microcefalia, comportamentos aditivos e preservação de aves aquáticas, anunciou esta terça-feira a organização.

Sandra Tavares (i3S — Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto), Carina Soares-Cunha (Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho), Sara Carvalhal (Centro Biomédico do Algarve) e Edna Correia (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Lisboa) foram distinguidas com as Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência — edição 2021.

A iniciativa é promovida pela empresa de cosméticos L’Oréal Portugal, que financia; Comissão Nacional da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, que designa o júri que avalia as candidaturas.

Edna Correia, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, pretende averiguar de que forma os arrozais do estuário do Tejo podem contribuir para a preservação de aves aquáticas.

No seu trabalho, a bióloga vai seguir as movimentações da íbis-preta para “determinar como e com que intensidade” esta espécie de ave usa os arrozais do estuário do Tejo, onde é abundante.

Posteriormente, Edna Correia irá fazer uma avaliação do prejuízo causado pela espécie na produção de arroz e propor uma série de diretrizes que permitam conciliar a gestão dos arrozais com a conservação da biodiversidade.

Carina Soares-Cunha, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho, pretende localizar e caracterizar os grupos de neurónios (células do sistema nervoso) da região cerebral do núcleo “accumbens” — responsável pela sensação de prazer gerada por um estímulo exterior — que respondem a recompensas naturais como comida e a comportamentos aditivos como o consumo de drogas.

Segundo a neurocientista, o estudo, ao clarificar o papel destes neurónios nos comportamentos aditivos, abre caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos, com uma atuação mais específica. Para este trabalho, a investigadora vai usar ratinhos como modelo.

Sara Carvalhal, que trabalha no Instituto de Investigação do Centro Biomédico do Algarve, quer compreender como é que a mitose (divisão celular) está afetada nas células cerebrais e como isso pode ajudar a explicar a microcefalia (cérebro anormalmente pequeno), uma vez que “existe uma relação estabelecida entre genes que regulam o processo da mitose e a microcefalia”.

A investigadora vai manipular células de pessoas com diferentes doenças raras, mas que em comum têm microcefalia, para obter células estaminais pluripotentes induzidas, que têm a capacidade de se diferenciarem noutras células, e assim conseguir ter células cerebrais para estudar.

Sandra Tavares, investigadora do i3S — Instituto de Investigação e Inovação em Saúde — propõe-se identificar as proteínas que levam à formação acelerada de metástases (tumores secundários) no cancro da mama triplo-negativo, um cancro raro mas agressivo que atinge sobretudo mulheres jovens.

A especialista em biologia do cancro vai analisar amostras de tumores recolhidas em biopsias e sequenciar as células tumorais, esperando que o seu trabalho sirva de ponto de partida para novos tratamentos, mais direcionados para as células mais agressivas.

As Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência destinam-se a investigadoras entre os 32 e os 35 anos que trabalham em instituições portuguesas.

A iniciativa visa promover a participação das mulheres na ciência e premeia anualmente quatro investigadoras em estudos nas áreas da saúde e do ambiente. Cada vencedora recebe 15 mil euros.

O júri da edição de 2021 voltou a ser presidido pelo cientista e deputado Alexandre Quintanilha.

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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

MARTE TEVE PERÍODOS QUENTES E ÁGUA DURANTE 40 MILHÕES DE ANOS

Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.

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Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.

O facto de atualmente Marte ser frio e seco mas ter tido rios e lagos há vários milhares de milhões de anos intriga os cientistas há décadas.

“Tem sido um verdadeiro mistério que houvesse água líquida em Marte, porque Marte está mais longe do Sol e, além disso, o Sol era mais fraco no início”, explicou, em comunicado, Danica Adams, investigadora de pós-doutoramento da NASA na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson (SEAS) de Harvard e principal autora do novo artigo publicado na Nature Geoscience.

Anteriormente, existia a teoria de que o hidrogénio era o ingrediente mágico que, quando misturado com o dióxido de carbono da atmosfera marciana, desencadeava episódios de aquecimento global. Mas a vida útil do hidrogénio atmosférico é curta, pelo que foi necessária uma análise mais detalhada.

Agora, Adams, o professor Robin Wordsworth de Ciências Ambientais e Engenharia na SEAS, e a sua equipa realizaram modelação fotoquímica (semelhante aos métodos utilizados hoje em dia para rastrear poluentes atmosféricos) para preencher os detalhes da relação da atmosfera marciana primitiva com o hidrogénio e como este relacionamento mudou ao longo do tempo.

“Marte antiga é um mundo perdido, mas pode ser reconstruído em detalhe se fizermos as perguntas certas”, frisou Wordsworth.

“Este estudo sintetiza a química atmosférica e o clima pela primeira vez para fazer algumas previsões surpreendentes que podem ser testadas quando trouxermos rochas de Marte para a Terra”, acrescentou.

Adams modificou um modelo chamado CINETICA para simular como uma combinação de hidrogénio e outros gases que reagem com o solo e o ar controlavam o clima marciano primitivo.

Descobriu que durante os períodos Noachiano e Hesperian, entre há 4 e 3 mil milhões de anos, Marte passou por períodos quentes episódicos ao longo de cerca de 40 milhões de anos, com cada evento a durar 100.000 anos ou mais.

Estas estimativas são consistentes com as características geológicas de Marte atualmente. Os períodos quentes e húmidos eram causados pela hidratação da crosta, ou perda de água do solo, que fornecia hidrogénio suficiente para se acumular na atmosfera durante milhões de anos.

“Identificámos escalas de tempo para todas estas alternâncias. E descrevemos todas as peças no mesmo modelo fotoquímico”, sublinhou Adams.

O trabalho de modelação fornece novas perspetivas potenciais sobre as condições que sustentaram a química prebiótica (os fundamentos da vida posterior como a conhecemos) durante os períodos quentes, e os desafios para a persistência dessa vida durante os intervalos frios e oxidativos.

Adams e outros cientistas estão a começar a trabalhar para encontrar evidências destas alternâncias utilizando modelos químicos isotópicos e planeiam comparar estes resultados com rochas da próxima missão Mars Sample Return (MRS).

Como Marte não possui placas tectónicas, ao contrário da Terra, a superfície visível atualmente é semelhante à de antigamente, tornando a sua história dos lagos e rios muito mais intrigante, realçou ainda.

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ASTEROIDE BENNU REVELOU EXISTÊNCIA DE MOLÉCULAS DE ADN

Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.

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Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.

De acordo com o trabalho publicado esta quarta-feira na revista científica Nature Astronomy, as amostras analisadas revelaram a presença das cinco bases nitrogenadas — adenina, guanina, citosina, timina e uracilo — necessárias para a construção de ADN e ARN.

Foram igualmente identificados pelos investigadores da Universidade Hokkaido, no Japão, os compostos xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3).

Uma amostra de 121,6 gramas do asteroide Bennu chegou à Terra em 2023 à “boleia” da missão Osiris-Rex, da agência espacial norte-americana (NASA).

Tratou-se da maior amostra extraterrestre recolhida e enviada para a Terra.

Segundo uma das teses, os asteroides (corpos rochosos do Sistema Solar) contribuíram com água e componentes químicos essenciais para a vida na Terra há milhares de milhões de anos.

Embora os meteoritos na Terra provenham de asteroides, a interpretação dos seus dados “é desafiante” face à “exposição à humidade” da atmosfera e a “uma biosfera descontrolada”, refere a Universidade Hokkaido em comunicado, assinalando que “amostras imaculadas recolhidas de asteroides no espaço são os candidatos ideais”.

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