INTERNACIONAL
UNESCO: A INTELIGÊNCIA ARTIFICAL PODE “DISTORCER” A HISTÓRIA DO HOLOCAUSTO
A UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura alertou esta terça-feira que a evolução da inteligência artificial pode dar origem a uma nova série de informações erradas e que neguem o Holocausto.
A UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura alertou esta terça-feira que a evolução da inteligência artificial pode dar origem a uma nova série de informações erradas e que neguem o Holocausto.
“Se permitirmos que os factos horríveis do Holocausto sejam diluídos, distorcidos ou falsificados através da utilização irresponsável da Inteligência Artificial, corremos o risco de uma propagação explosiva do antissemitismo e da diminuição gradual da nossa compreensão sobre as causas e as consequências dessas atrocidades”, afirmou Audrey Azoulay da UNESCO numa declaração que acompanha o relatório.
O documento publicado esta terça-feira pela UNESCO conclui que a Inteligência Artificial (IA) pode originar dados falsos e enganosos sobre o Holocausto “que se espalham na internet”, devido a falhas nos programas.
Por outro lado, a UNESCO alerta para o facto de “grupos de ódio e negacionistas do Holocausto” poderem usar intencionalmente programas de Inteligência Artificial para gerar “conteúdos que ponham falsamente em causa o assassinato de judeus e outros grupos pelos nazis” desde 1933 até ao final da Segunda Guerra Mundial em 1945.
O regime nazi alemão foi responsável pela morte de seis milhões de judeus, cidadãos de etnia cigana, prisioneiros de guerra russos, homossexuais e oposicionistas políticos, através de métodos de extermínio.
Para a agência das Nações Unidas, uma das maiores preocupações é o facto de a IA poder ser utilizada para criar os chamados “deepfakes” do Holocausto: imagens ou vídeos realistas que podem ser utilizados para sugerir que o Holocausto não aconteceu ou foi exagerado.
Segundo a UNESCO, esta situação pode levar a um maior antissemitismo e a uma falta de compreensão de um dos momentos mais dramáticos da História do século XX, a nível mundial.
O relatório refere ainda que alguns programas assistidos por IA permitem aos utilizadores interagir com figuras históricas (de forma simulada), incluindo líderes nazis como Adolf Hitler (1889-1945).
A utilização generalizada da inteligência artificial usada supostamente para ajudar na educação, na investigação e na escrita está a aumentar a probabilidade de que dados não fiáveis e “alucinações” da nova tecnologia possam provocar “mal-entendidos do público sobre o Holocausto”, mesmo que inadvertidamente.
Os programas de inteligência artificial, cuja compreensão do mundo se baseia em fontes relativamente limitadas, também podem dar respostas incompletas ou enganosas quando questionados sobre o Holocausto.
O relatório da UNESCO apela às empresas tecnológicas para que estabeleçam regras éticas para o desenvolvimento e utilização da Inteligência Artificial, de forma a reduzir as hipóteses de informação não fiável e a evitar que “maus atores” utilizem os programas informáticos para encorajar a violência e espalhar mentiras sobre o Holocausto.
INTERNACIONAL
BIBLIOTECA SOBRE O NAZISMO E O HOLOCAUSTO ACESSÍVEL NA INTERNET DESDE HOJE
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto, com sede em Londres, reúne centenas de milhares de documentos originais sobre a situação dos judeus europeus antes de 1939, o regime nazi e o Holocausto.
A biblioteca decidiu tornar acessível hoje, no 80.º aniversário da libertação de Auschwitz, parte da sua coleção, nomeadamente fotografias, cartas e testemunhos que atestam os crimes nazis no campo da Polónia (https://wienerholocaustlibrary.org/).
“A necessidade de defender a verdade tornou-se ainda mais urgente devido ao ressurgimento do antissemitismo e de outras formas de desinformação e ódio”, explicou Toby Simpson, diretor da biblioteca, citado num comunicado.
“Ao disponibilizar gratuitamente uma grande quantidade de provas em linha [‘online’], estamos a garantir que os arquivos históricos são acessíveis a todos”, afirmou, segundo a agência francesa AFP.
Entre os mais de 150.000 documentos disponíveis em linha pela primeira vez, encontram-se numerosas fotografias tiradas aquando da libertação do campo de Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945.
Também ficaram acessíveis documentos utilizados nos julgamentos de Nuremberga, durante os quais os principais dirigentes do Terceiro Reich, o regime nazi alemão de Adolf Hitler, foram julgados.
A biblioteca publica também cerca de 500 folhetos e livros de propaganda antifascista, distribuídos na Alemanha na década de 1930 e disfarçados de anúncios de champôs ou livros de receitas, para escapar à vigilância do regime nazi.
Revela também documentos que mostram a ascensão do fascismo no Reino Unido antes e depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
“Numa altura em que figuras de extrema-direita ameaçam a Europa e não só, estas coleções revelam não só as origens destas ideologias perigosas, mas também as motivações e estratégias daqueles que, ao longo da História, as mantiveram à distância”, disseram os responsáveis pela biblioteca.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto foi fundada na década de 1930 por Alfred Wiener, que fez campanha contra o nazismo nas décadas de 1920 e 1930.
Depois de fugir da Alemanha para os Países Baixos, em 1933, começou a recolher provas da perseguição dos judeus.
Continuou o seu trabalho a partir do Reino Unido, onde se exilou pouco antes do início da guerra e onde a biblioteca ainda se encontra, no centro de Londres.
Sobreviventes de Auschwitz, acompanhados pelo Presidente polaco, Andrzej Duda, depositaram flores hoje de manhã em frente ao Muro da Morte do campo, onde os prisioneiros eram fuzilados.
Alguns usavam lenços às riscas azuis e brancas, simbolizando os antigos uniformes prisionais. Ao pé do muro, acenderam velas em memória dos mortos e tocaram o muro com uma mão, em silêncio.
A cerimónia, sob o portão de entrada de Birkenau, deverá começar às 16:00 locais (15:00 em Lisboa) e contará com a presença de 54 delegações internacionais, algumas das quais lideradas por chefes de Estado, mas o foco estará nos sobreviventes, segundo a organização.
“Este ano, estamos a centrar-nos nos sobreviventes e na sua mensagem”, disse à AFP o porta-voz do museu de Auschwitz, Pawel Sawicki.
“Não haverá discursos de políticos”, acrescentou.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no campo entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
INTERNACIONAL
PAPA DIZ QUE HOLOCAUSTO NÃO PODE SER ESQUECIDO OU NEGADO
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
“Amanhã é o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, 80 anos após a libertação do campo de concentração de Auschwitz. O horror do extermínio de milhões de judeus e de pessoas de outras religiões durante esses anos não pode ser esquecido nem negado”, afirmou o Papa no final da oração do Angelus dominical.
Lembrando que, durante esses anos, foram também mortos “muitos cristãos, muitos mártires”, Francisco apelou a que “todos trabalhem em conjunto para erradicar o flagelo do antissemitismo e outras formas de discriminação e perseguição religiosa”.
“Construamos juntos um mundo mais fraterno e justo, educando os jovens a ter um coração aberto a todos na lógica da fraternidade, do perdão e da paz”, concluiu.
Proclamado oficialmente em novembro de 2005, o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, que se assinala na segunda-feira, comemora a libertação pelas tropas soviéticas, em 1945, do campo de concentração e extermínio nazi alemão de Auschwitz-Birkenau.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no local entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
Na segunda-feira, uma cerimónia oficial com a presença de cerca de meia centena de sobreviventes e 54 delegações internacionais assinalará o 80.º aniversário da libertação do local.
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