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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

EUROPA “DEVIA APOSTAR EM SUPERCOMPUTADORES” – RUI MARANHÃO

O professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Rui Maranhão defende, em entrevista à Lusa, que a Europa deveria apostar num supercomputador para competir com os EUA e a China e reduzir a dependência.

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O professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Rui Maranhão defende, em entrevista à Lusa, que a Europa deveria apostar num supercomputador para competir com os EUA e a China e reduzir a dependência.

A aceleração de projetos de inteligência artificial (IA) e a aposta cada vez maior em soluções de ‘cloud’ exige computadores com maior velocidade de processamento e grande capacidade de memória, os chamados supercomputadores.

Sobre a possibilidade de Portugal ter um supercomputador, Rui Maranhão diz que o problema são “os custos”, que “são sempre muito elevados”, mas até faria sentido para mostrar “ao mundo” que o país tem interesse na inovação das ferramentas. “Se não tivemos um supercomputador vamos estar sempre a correr na direção que os outros ditarem”, afirma.

No entanto, “há vários países que consideram necessário que a Europa, como um todo, deveria apostar” para “não ficar dependente, nomeadamente dos Estados Unidos”, até porque agora “estamos numa fase política do mundo que é de muita incerteza”.

O especialista defende que a Europa devia pensar em apostar num supercomputador: “Ou começamos já ou então vamos tarde”, defende. Até porque a Europa “tem capacidade de se posicionar para estar na vanguarda”, considera Rui Maranhão.

“A grande questão aqui é quem nos der uma ‘cloud’, um supercomputador, está dependente não só de Estados como de organizações”, refere, recordando que atualmente a maioria destas são norte-americanas ou chinesas. A Europa “ou se posiciona ou vai perder essa corrida, ou seja, vai ficar muito dependente”, insiste o professor catedrático.

“O paralelo que gosto de traçar é o GPS [sistema de navegação por satélite], os americanos meteram o GPS no ar, estamos todos dependentes” e a Europa decidiu “muito mais tarde”, exemplifica.

“Não é exagero dizer que a maioria não sabe ir hoje em dia do ponto A ao ponto B sem GPS, sem o Waze, e a Europa quando decidiu ir atrás foi com o Galileo, mas já foi tarde. Passa-se algo muito parecido com a ‘cloud’ ou com o supercomputador”, prossegue.

Na Europa existem alguns supercomputadores, como o de Barcelona – o MareNostrum5 -, um consórcio de que fazem parte Espanha, Portugal e Turquia, tendo sido financiado em 50% pela União Europeia. “Mas podia haver muito mais”, defende, salientando que o ideal era a União Europeia unir-se e tentar competir com as grandes potências que neste momento são os Estados Unidos e a China. Estas duas potências “já estão avançadas, mas acho que ainda se vai a tempo”, por exemplo, “na computação quântica, a União Europeia pode posicionar-se neste âmbito”.

Rui Maranhão aponta que não se está “muito longe” dos veículos autónomos andarem nas ruas na Europa, dando o exemplo de São Francisco, EUA, em que isso é uma realidade. “Em Portugal, na Europa, estamos preparados? Temos legislação para isso? Não”, aponta.

Para o professor catedrático, falta haver um ministério para o digital para se começar a pensar como vai ser o mundo. “Estamos muito próximos de grandes alterações” e a covid só veio acelerar o uso das ferramentas tecnológicas, pelo que convém “olhar para a tecnologia de outra forma”, conclui.

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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

MARTE TEVE PERÍODOS QUENTES E ÁGUA DURANTE 40 MILHÕES DE ANOS

Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.

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Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.

O facto de atualmente Marte ser frio e seco mas ter tido rios e lagos há vários milhares de milhões de anos intriga os cientistas há décadas.

“Tem sido um verdadeiro mistério que houvesse água líquida em Marte, porque Marte está mais longe do Sol e, além disso, o Sol era mais fraco no início”, explicou, em comunicado, Danica Adams, investigadora de pós-doutoramento da NASA na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson (SEAS) de Harvard e principal autora do novo artigo publicado na Nature Geoscience.

Anteriormente, existia a teoria de que o hidrogénio era o ingrediente mágico que, quando misturado com o dióxido de carbono da atmosfera marciana, desencadeava episódios de aquecimento global. Mas a vida útil do hidrogénio atmosférico é curta, pelo que foi necessária uma análise mais detalhada.

Agora, Adams, o professor Robin Wordsworth de Ciências Ambientais e Engenharia na SEAS, e a sua equipa realizaram modelação fotoquímica (semelhante aos métodos utilizados hoje em dia para rastrear poluentes atmosféricos) para preencher os detalhes da relação da atmosfera marciana primitiva com o hidrogénio e como este relacionamento mudou ao longo do tempo.

“Marte antiga é um mundo perdido, mas pode ser reconstruído em detalhe se fizermos as perguntas certas”, frisou Wordsworth.

“Este estudo sintetiza a química atmosférica e o clima pela primeira vez para fazer algumas previsões surpreendentes que podem ser testadas quando trouxermos rochas de Marte para a Terra”, acrescentou.

Adams modificou um modelo chamado CINETICA para simular como uma combinação de hidrogénio e outros gases que reagem com o solo e o ar controlavam o clima marciano primitivo.

Descobriu que durante os períodos Noachiano e Hesperian, entre há 4 e 3 mil milhões de anos, Marte passou por períodos quentes episódicos ao longo de cerca de 40 milhões de anos, com cada evento a durar 100.000 anos ou mais.

Estas estimativas são consistentes com as características geológicas de Marte atualmente. Os períodos quentes e húmidos eram causados pela hidratação da crosta, ou perda de água do solo, que fornecia hidrogénio suficiente para se acumular na atmosfera durante milhões de anos.

“Identificámos escalas de tempo para todas estas alternâncias. E descrevemos todas as peças no mesmo modelo fotoquímico”, sublinhou Adams.

O trabalho de modelação fornece novas perspetivas potenciais sobre as condições que sustentaram a química prebiótica (os fundamentos da vida posterior como a conhecemos) durante os períodos quentes, e os desafios para a persistência dessa vida durante os intervalos frios e oxidativos.

Adams e outros cientistas estão a começar a trabalhar para encontrar evidências destas alternâncias utilizando modelos químicos isotópicos e planeiam comparar estes resultados com rochas da próxima missão Mars Sample Return (MRS).

Como Marte não possui placas tectónicas, ao contrário da Terra, a superfície visível atualmente é semelhante à de antigamente, tornando a sua história dos lagos e rios muito mais intrigante, realçou ainda.

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ASTEROIDE BENNU REVELOU EXISTÊNCIA DE MOLÉCULAS DE ADN

Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.

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Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.

De acordo com o trabalho publicado esta quarta-feira na revista científica Nature Astronomy, as amostras analisadas revelaram a presença das cinco bases nitrogenadas — adenina, guanina, citosina, timina e uracilo — necessárias para a construção de ADN e ARN.

Foram igualmente identificados pelos investigadores da Universidade Hokkaido, no Japão, os compostos xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3).

Uma amostra de 121,6 gramas do asteroide Bennu chegou à Terra em 2023 à “boleia” da missão Osiris-Rex, da agência espacial norte-americana (NASA).

Tratou-se da maior amostra extraterrestre recolhida e enviada para a Terra.

Segundo uma das teses, os asteroides (corpos rochosos do Sistema Solar) contribuíram com água e componentes químicos essenciais para a vida na Terra há milhares de milhões de anos.

Embora os meteoritos na Terra provenham de asteroides, a interpretação dos seus dados “é desafiante” face à “exposição à humidade” da atmosfera e a “uma biosfera descontrolada”, refere a Universidade Hokkaido em comunicado, assinalando que “amostras imaculadas recolhidas de asteroides no espaço são os candidatos ideais”.

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