Ligue-se a nós

REGIÕES

LISBOA: MAIORIA DOS SEM-ABRIGO SÃO IMIGRANTES

Entre a Gare do Oriente e a estação do Cais de Sodré, passando pelo Rossio, em Lisboa, as tendas e pequenos abrigos feitos de cartão aglomeram-se, com imigrantes a ultrapassarem o número de portugueses a viver nas ruas.

Online há

em

Entre a Gare do Oriente e a estação do Cais de Sodré, passando pelo Rossio, em Lisboa, as tendas e pequenos abrigos feitos de cartão aglomeram-se, com imigrantes a ultrapassarem o número de portugueses a viver nas ruas.

Todos os imigrantes sem-abrigo abordados pela Lusa esta semana não tinham documentos, embora alguns tivessem deixado para trás um trabalho no Alentejo.

Vieram do Brasil, Índia, Nepal, Marrocos, Gâmbia, Senegal, Angola e muitos outros países, alguns só conseguem comunicar em inglês, e, apesar de a vida em Lisboa não lhes estar a correr bem, sobretudo com o vento e a chuva de inverno, raros são os que querem voltar para os seus países, já que acreditam que vão trabalhar e organizar as suas vidas aqui.

Por enquanto, vivem da ajuda de organizações, como a Comunidade Vida e Paz, uma das mais representativas de apoio aos sem-abrigo.

Todas as noites, nos dias úteis, pelas 20:00, as carrinhas da comunidade saem de perto da Avenida dos Estados Unidos da América rumo a vários pontos de Lisboa, carregadas de sandes, iogurtes, mantas e outros bens, como vestuário, que sabem que os sem-abrigo sinalizados necessitam.

Na noite em que a Lusa acompanhou os voluntários da comunidade, foram distribuídos 190 sacos com sandes, numa rota onde a maioria são imigrantes.

“Agora, até já temos sandes só de queijo”, afirma a voluntária Joana, sinalizando que há muitos imigrantes de religião muçulmana, que não comem fiambre, porque é de carne de porco. “No pork”, avisam.

“Os imigrantes justificam uma boa parte do crescimento significativo do número dos sem-abrigo”, nos últimos anos, afirma Celestino Cunha, coordenador “das voltas” da Comunidade Vida e Paz. O crescimento estimado por esta organização é de 25%.

Wiston Dyone, brasileiro, 39 anos, chegado do Brasil em 2019, o único sem-abrigo estrangeiro que aceitou ser filmado, ao lado do português Arlindo Jesus, seu companheiro de infortúnio, justifica o estar ali: “Estou passando por uns momentinho mau. Há uns quase cinco meses terminei um casamento, perdi duas filhas no último ano”, contou à Lusa, poucos dias depois de sair da prisão, onde passou o Natal e o Ano Novo “por briga” e por ter partido uma montra.

“E ainda me ficam ligando quase todos os dias para pagar 430 euros para enterrar a minha filha, que nem eu tinha. Amanhã vou lá ver o que é que aconteceu com isso. (…) nem o luto respeitaram”, queixa-se.

Mas, assegura que está a tentar “readaptar-se”. Afirmando que trabalha desde os 14 anos, conta que, em Portugal, já trabalhou “com obra, com pintura” e cita os nomes das empresas que o empregaram, pagando apenas cinco euros à hora, o mesmo que recebia em 2009, da outra vez que esteve em Portugal. “Um absurdo”, refere.

No Brasil tinha vida boa, garante, mas veio por causa dos filhos, que estavam em Peniche.

“Então, eu escolhi Portugal para minha casa e vou-me adaptar”, afirma.

O regresso ao seu país, apesar da situação difícil em que vive, está fora de questão para Wiston.

“Eu tenho o meu coração aqui” e, “até a tempestade passar, a gente tem de tentar aprender com ela”, diz, à porta da tenda de Arlindo, junto do viaduto da Avenida Infante Dom Henrique, que protege dezenas de tendas do lado de terra e de rio. O importante para Wiston Dyone “é não ficar parado”, pois, dentro de “uma semana, no máximo”, espera sair da rua.

Por enquanto, perdeu o passaporte e todos os documentos no dia da briga de dezembro, que o levou à prisão. Agora, pedem-lhe um documento com foto para tratar do visto CPLP e não tem.

Arlindo de Jesus vai assistindo tranquilamente à conversa. Quando se pergunta quantos imigrantes existem ali, diz: “Aqui tem três ou quatro brasileiros, meia dúzia de portugueses e o resto são nepaleses, indianos e tem aqui muitos marroquinos”.

Arlindo, de 42 anos, natural de Guimarães, também tem a esperança de sair dali, mas queixa-se que os trabalhos que arranja, a descarregar “uns camiões dos chineses”, pelos quais lhe pagam entre 10 e 30 euros por dia, não lhe dá para pagar uma casa. Caiu na rua em 2016, até já conseguiu sair, mas acabou por voltar, conta.

Mais adiante, no Largo de São Carlos, debaixo de uma arcada, está Sarabjit Singh. Descalço, coberto por uma manta aos quadrados, que lhe esconde as pernas despidas sobre o papel de cartão onde se deita, uma delas com uma grande ferida num joelho inchado, o jovem indiano conta que escorregou num dia de chuva nas pedras da calçada portuguesa e esteve mal. Não foi ao hospital, mas procurou uma farmácia ali perto e encontrou o apoio que lhe permitiu melhorar.

Veio de Odemira, onde trabalhava na agricultura, à procura de mais emprego em Lisboa, mas perdeu documentos, não fala português, já não tem telemóvel, nem sapatos, nem calças e de vestuário só o que tem vestido, um blusão de tecido e uma camisa.

“Nos próximos sete dias não posso trabalhar”, conta, com ar assustado, confessando estar a precisar de ajuda.

Quando a voluntária Alexandra lhe deu uns ténis número 41, tentou calçá-los a todo o custo, mas não serviram e os seus olhos, que por momentos ganharam um certo brilho, voltam a perdê-lo.

Mesmo assim, o imigrante não equaciona sequer a possibilidade de voltar para a Índia.

“Não, eu vou evoluir, eu realmente acredito que vou conseguir trabalhar”, assegura.

Publicidade

HELPO, EU CONSIGNO EU CONSIGO, IRS 2024
ASSOCIAÇÃO SALVADOR, HÁ 20 ANOS A TIRAR SONHOS DO PAPEL

DEIXE O SEU COMENTÁRIO

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

REGIÕES

PORTO: MP QUER FERNANDO MADUREIRA E “POLACO” NA PRISÃO POR AGRESSÃO A POLÍCIAS

O Ministério Público (MP) pediu a condenação de Fernando Madureira e de outros oito arguidos acusados de agressões a agentes da PSP, que protegiam adeptos do Benfica, antes de uma partida de hóquei em patins, em 2018.

Online há

em

O Ministério Público (MP) pediu a condenação de Fernando Madureira e de outros oito arguidos acusados de agressões a agentes da PSP, que protegiam adeptos do Benfica, antes de uma partida de hóquei em patins, em 2018.

O processo, que está a ser julgado no Tribunal do Bolhão, no Porto, tem nove arguidos, incluindo Madureira, líder da claque Super Dragões, Hugo Carneiro, conhecido por “Polaco” – ambos em prisão preventiva no âmbito da “Operação Pretoriano” -, e outros sete elementos, acusados do crime de participação em rixa no contexto de espetáculo desportivo.

Nas alegações finais, a procuradora do MP pediu a condenação de todos os arguidos, alguns a penas efetivas de prisão, mas sem especificar nomes, admitindo que, em relação aos arguidos primários (sem antecedentes criminais), as penas possam ser suspensas ou substituídas pelo pagamento de multa.

A magistrada sustentou que os arguidos agiram “em coautoria e em comunhão de esforços”, sublinhando “a gravidade dos factos, o tumulto criado e o número de intervenientes” na rixa, que, refere a acusação do MP, envolveu o arremesso de pedras e de tochas contra os agentes policiais, que protegiam os adeptos do Benfica que chegavam à estação de Metro do Dragão, para assistirem ao jogo de hóquei em patins, em abril de 2018, no Pavilhão Dragão Caixa.

Para a procuradora do MP, os testemunhos dos agentes da PSP e as imagens de videovigilância “desmentem” as versões apresentadas em julgamento por Fernando Madureira e por outros três arguidos – cinco mantiveram-se em silêncio -, segundo as quais nada tiveram a ver com a rixa, pois estavam a distribuir bilhetes quando se aperceberam “da confusão instalada junto ao metro”.

O MP frisa que as testemunhas colocaram “todos os arguidos” no local da contenda, lembrando que um dos agentes policiais foi atingido na face por uma pedra arremessada pelo grupo.

Advogados de defesa argumentam

Já o advogado de Fernando Madureira, que assistiu à sessão por videoconferência a partir do estabelecimento prisional onde está em prisão preventiva, apontou “incongruências” aos depoimentos dos agentes policiais, sustentando não ter havido qualquer tipo de premeditação ou “coautoria moral” por parte do seu cliente.

Gonçalo Cerejeira Namora sublinhou que nada se pode provar contra o seu constituinte, pois o mesmo nada teve a ver com os factos em julgamento, acrescentando que Madureira estava a distribuir cerca de 600 bilhetes para o jogo de hóquei em patins.

Nesse sentido, o advogado pugnou pela absolvição do seu constituinte.

O advogado de Hugo “Polaco” também pediu a absolvição do seu cliente e de outro arguido, negando a participação dos seus constituintes na rixa, mas admitiu a condenação de outros dois arguidos, os quais assumiram a sua intervenção nos factos, mas a penas de multa, pois, disse, são ambos primários.

As restantes defesas pediram igualmente a absolvição dos respetivos constituintes.

A leitura da sentença ficou marcada para 23 de maio, às 9h30.

Em julgamento estão alegadas agressões a adeptos do Benfica e a agentes da PSP cometidas antes de um jogo de hóquei em patins, em 2018, nas imediações do Estádio do Dragão e do pavilhão do FC Porto.

LER MAIS

REGIÕES

AVEIRO: ATLETA MORREU EM MARATONA APÓS PARAGEM CARDIORRESPIRATÓRIA

Um atleta de 43 anos que participava este domingo na maratona de Aveiro sofreu uma paragem cardiorrespiratória no decorrer da prova, acabando por morrer, disse à Lusa fonte da Câmara de Aveiro.

Online há

em

Um atleta de 43 anos que participava este domingo na maratona de Aveiro sofreu uma paragem cardiorrespiratória no decorrer da prova, acabando por morrer, disse à Lusa fonte da Câmara de Aveiro.

Segundo a fonte, o incidente ocorreu ao quilómetro 33, a vítima foi assistida no local e transportada ainda com vida para o hospital onde acabou por morrer.

O atleta era português, residente na Grande Lisboa, acrescentou.

O vencedor da maratona foi o marroquino Mohamed Chaaboud, com o tempo de 02:09:19.290.

O atleta português melhor classificado nesta prova foi Carlos Costa que chegou à meta em quinto lugar.

A maratona levou a Aveiro mais de 20 mil pessoas, de 91 nacionalidades diferentes.

Organizada pela Global Sport, promovido pelo Município de Aveiro e Turismo do Centro de Portugal e com o apoio do Município de Ílhavo, a prova dividiu-se em quatro distâncias: a maratona, 42 quilómetros, a meia-maratona, 21 quilómetros, corrida, 10 quilómetros, e a caminhada, 5 quilómetros.

LER MAIS
Subscrever Canal WhatsApp
RÁDIO ONLINE
Benecar - Cidade do Automóvel
ASSOCIAÇÃO SALVADOR, HÁ 20 ANOS A TIRAR SONHOS DO PAPEL
LINHA CANCRO

DESPORTO DIRETO

RÁDIO REGIONAL NACIONAL: SD | HD



RÁDIO REGIONAL VILA REAL


RÁDIO REGIONAL CHAVES


RÁDIO REGIONAL BRAGANÇA


RÁDIO REGIONAL MIRANDELA


MUSICBOX

WEBRADIO 100% PORTUGAL


WEBRADIO 100% POPULAR


WEBRADIO 100% BRASIL


WEBRADIO 100% ROCK


WEBRADIO 100% OLDIES


WEBRADIO 100% LOVE SONGS


WEBRADIO 100% INSPIRATION


WEBRADIO 100% DANCE

KEYWORDS

ASSOCIAÇÃO SALVADOR, HÁ 20 ANOS A TIRAR SONHOS DO PAPEL
NARCÓTICOS ANÓNIMOS
PAGAMENTO PONTUAL

MAIS LIDAS