INTERNACIONAL
ONU ALERTA QUE 274 MILHÕES DE PESSOAS NO MUNDO VÃO PRECISAR DE AJUDA HUMANITÁRIA EM 2022
Um total de 274 milhões de pessoas em todo o mundo irão precisar de algum tipo de ajuda humanitária em 2022, um aumento de 17% em relação a este ano, alertou hoje a ONU.
Um total de 274 milhões de pessoas em todo o mundo irão precisar de algum tipo de ajuda humanitária em 2022, um aumento de 17% em relação a este ano, alertou hoje a ONU.
A chamada de atenção consta no relatório Panorama Humanitário Mundial 2022 (GHO 2022, na sigla em inglês), apresentado hoje a partir de várias capitais do mundo como Genebra, Bruxelas ou Washington.
O documento aponta também que serão necessários 41 mil milhões de dólares (cerca de 36 mil milhões de euros) para prestar ajuda, no decorrer do próximo ano, a 183 milhões de pessoas que necessitam de uma assistência urgente em 63 países, pessoas essas que serão abrangidas pelos 37 planos de resposta humanitária conduzidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por organizações parceiras.
“Em 2022, um total de 274 milhões de pessoas irão precisar de assistência humanitária e proteção – um aumento significativo em relação aos 235 milhões de há um ano, que já era o número mais alto em décadas”, lê-se no documento.
O relatório especifica que até à data, em 2021, os doadores internacionais canalizaram mais de 17 mil milhões de dólares (quase 15 mil milhões de euros) para projetos incluídos no GHO, mas, alerta a organização internacional liderada pelo secretário-geral António Guterres, “o financiamento permanece inferior a metade do valor solicitado pela ONU e organizações parceiras”.
O documento traça um cenário preocupante sobre as necessidades provocadas por conflitos políticos e armados, deslocações internas, desastres naturais e mudanças climáticas, bem como pela pandemia da doença covid-19 que “não dá sinais de enfraquecimento” e já matou “pelo menos 1,8 milhões de pessoas em todos os países abrangidos pelo GHO”, situação potenciada pelo surgimento de novas variantes do coronavírus e pela falta de vacinas.
“A crise climática está a atingir primeiro e de forma mais grave as pessoas mais vulneráveis do mundo. Os conflitos prolongados continuam e a instabilidade agravou-se em várias partes do mundo, nomeadamente na Etiópia, Myanmar (antiga Birmânia) e Afeganistão. A pandemia não acabou e os países pobres estão privados de vacinas. O meu objetivo é que este apelo global possa contribuir de alguma forma para restaurar uma réstia de esperança em milhões de pessoas que dela necessitam desesperadamente”, afirma o responsável para os Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, sobre o relatório.
Entre os vários países referenciados no GHO 2022, a ONU destaca os casos do Afeganistão, do Iémen, da Síria, de Myanmar ou do Haiti, onde “43% da população precisa de ajuda humanitária”.
Por exemplo, de acordo com o relatório, no Afeganistão, país sob controlo dos talibãs desde agosto passado, mais de 24 milhões de pessoas necessitam de ajuda, no que será uma “assistência para salvar vidas e para evitar a catástrofe”.
“Isto representa um aumento dramático das necessidades”, realça o relatório, precisando que este panorama está a ser impulsionado por uma combinação de fatores: “Conflitos, covid-19, tumultos políticos, choques económicos recorrentes e a pior seca dos últimos 27 anos”.
Já no Iémen, “apesar dos esforços contínuos para mitigar o risco de fome”, o documento avisa que “a insegurança alimentar continua a ser um desafio crucial”, uma vez que é uma situação que afeta 16,2 milhões de pessoas no país.
“Mesmo com os atuais níveis de assistência humanitária, 40% da população tem uma alimentação inadequada”, refere o GHO 2022, destacando ainda um passo significativo: “No Iémen, os parceiros na área da saúde realizaram mais de 10 milhões de consultas médicas”.
No caso de Myanmar, o relatório estima que 14,4 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária, lembrando que o país do Sudeste Asiático enfrenta uma crise política, de direitos humanos e humanitária sem precedentes, “com necessidades que aumentaram dramaticamente desde a tomada do poder pelos militares [em fevereiro passado] e por uma grave terceira vaga da doença covid-19”.
O relatório GHO 2022 enumera ainda outros indicadores preocupantes do atual cenário da ajuda humanitária.
“Mais de um por cento da população mundial está deslocada. A pobreza extrema está de novo a aumentar. Na maioria das crises, as mulheres e raparigas são as que mais sofrem, uma vez que as desigualdades de género e os riscos de proteção são agravados. A fome continua a ser uma perspetiva aterradora para 45 milhões de pessoas em 43 países”, denuncia o documento, avançando que perante tal panorama, as organizações de ajuda humanitária intensificaram, em 2021, os esforços para tentar conter as piores consequências.
“Através de projetos conduzidos pela ONU, organizações não-governamentais (ONG), Governos e setor privado, 107 milhões de pessoas foram abrangidas, 70% da meta traçada”, prossegue o documento.
No campo específico da luta contra a fome — uma meta global que está “perigosamente mal encaminhada” segundo outro relatório internacional recentemente divulgado — o GHO 2022 anuncia que cerca de 120 organizações da sociedade civil (das quais cerca de 100 com sede em países duramente atingidos pelo flagelo) lançam hoje uma carta conjunta dirigida aos líderes mundiais.
Na missiva, as organizações exortam os líderes a financiarem, em pleno, a resposta necessária para prevenir a fome a nível mundial e para enfrentar as principais ameaças que conduzem à insegurança alimentar: conflitos, crise climática, covid-19 e choques económicos.
INTERNACIONAL
BIBLIOTECA SOBRE O NAZISMO E O HOLOCAUSTO ACESSÍVEL NA INTERNET DESDE HOJE
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto, com sede em Londres, reúne centenas de milhares de documentos originais sobre a situação dos judeus europeus antes de 1939, o regime nazi e o Holocausto.
A biblioteca decidiu tornar acessível hoje, no 80.º aniversário da libertação de Auschwitz, parte da sua coleção, nomeadamente fotografias, cartas e testemunhos que atestam os crimes nazis no campo da Polónia (https://wienerholocaustlibrary.org/).
“A necessidade de defender a verdade tornou-se ainda mais urgente devido ao ressurgimento do antissemitismo e de outras formas de desinformação e ódio”, explicou Toby Simpson, diretor da biblioteca, citado num comunicado.
“Ao disponibilizar gratuitamente uma grande quantidade de provas em linha [‘online’], estamos a garantir que os arquivos históricos são acessíveis a todos”, afirmou, segundo a agência francesa AFP.
Entre os mais de 150.000 documentos disponíveis em linha pela primeira vez, encontram-se numerosas fotografias tiradas aquando da libertação do campo de Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945.
Também ficaram acessíveis documentos utilizados nos julgamentos de Nuremberga, durante os quais os principais dirigentes do Terceiro Reich, o regime nazi alemão de Adolf Hitler, foram julgados.
A biblioteca publica também cerca de 500 folhetos e livros de propaganda antifascista, distribuídos na Alemanha na década de 1930 e disfarçados de anúncios de champôs ou livros de receitas, para escapar à vigilância do regime nazi.
Revela também documentos que mostram a ascensão do fascismo no Reino Unido antes e depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
“Numa altura em que figuras de extrema-direita ameaçam a Europa e não só, estas coleções revelam não só as origens destas ideologias perigosas, mas também as motivações e estratégias daqueles que, ao longo da História, as mantiveram à distância”, disseram os responsáveis pela biblioteca.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto foi fundada na década de 1930 por Alfred Wiener, que fez campanha contra o nazismo nas décadas de 1920 e 1930.
Depois de fugir da Alemanha para os Países Baixos, em 1933, começou a recolher provas da perseguição dos judeus.
Continuou o seu trabalho a partir do Reino Unido, onde se exilou pouco antes do início da guerra e onde a biblioteca ainda se encontra, no centro de Londres.
Sobreviventes de Auschwitz, acompanhados pelo Presidente polaco, Andrzej Duda, depositaram flores hoje de manhã em frente ao Muro da Morte do campo, onde os prisioneiros eram fuzilados.
Alguns usavam lenços às riscas azuis e brancas, simbolizando os antigos uniformes prisionais. Ao pé do muro, acenderam velas em memória dos mortos e tocaram o muro com uma mão, em silêncio.
A cerimónia, sob o portão de entrada de Birkenau, deverá começar às 16:00 locais (15:00 em Lisboa) e contará com a presença de 54 delegações internacionais, algumas das quais lideradas por chefes de Estado, mas o foco estará nos sobreviventes, segundo a organização.
“Este ano, estamos a centrar-nos nos sobreviventes e na sua mensagem”, disse à AFP o porta-voz do museu de Auschwitz, Pawel Sawicki.
“Não haverá discursos de políticos”, acrescentou.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no campo entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
INTERNACIONAL
PAPA DIZ QUE HOLOCAUSTO NÃO PODE SER ESQUECIDO OU NEGADO
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
“Amanhã é o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, 80 anos após a libertação do campo de concentração de Auschwitz. O horror do extermínio de milhões de judeus e de pessoas de outras religiões durante esses anos não pode ser esquecido nem negado”, afirmou o Papa no final da oração do Angelus dominical.
Lembrando que, durante esses anos, foram também mortos “muitos cristãos, muitos mártires”, Francisco apelou a que “todos trabalhem em conjunto para erradicar o flagelo do antissemitismo e outras formas de discriminação e perseguição religiosa”.
“Construamos juntos um mundo mais fraterno e justo, educando os jovens a ter um coração aberto a todos na lógica da fraternidade, do perdão e da paz”, concluiu.
Proclamado oficialmente em novembro de 2005, o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, que se assinala na segunda-feira, comemora a libertação pelas tropas soviéticas, em 1945, do campo de concentração e extermínio nazi alemão de Auschwitz-Birkenau.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no local entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
Na segunda-feira, uma cerimónia oficial com a presença de cerca de meia centena de sobreviventes e 54 delegações internacionais assinalará o 80.º aniversário da libertação do local.
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