NACIONAL
20% DOS ALUNOS CARENCIADOS REPROVAM NOS 2.º E 3.º CICLOS DO ENSINO BÁSICO
Vinte em cada 100 alunos provenientes de famílias desfavorecidas reprovam de ano durante os segundo e terceiro ciclos do ensino básico, revela um estudo da associação Empresários Pela Inclusão Social (EPIS) hoje divulgado.

Vinte em cada 100 alunos provenientes de famílias desfavorecidas reprovam de ano durante os segundo e terceiro ciclos do ensino básico, revela um estudo da associação Empresários Pela Inclusão Social (EPIS) hoje divulgado.
A análise, que decorreu entre 2020 e 2023 e envolveu uma amostra de mais de 10.000 estudantes, destaca a desigualdade no sucesso escolar, associando as dificuldades económicas ao impacto no desempenho académico.
Em declarações à agência Lusa, o diretor-geral da EPIS, Diogo Simões Pereira, explicou que o estudo “é o acumular de quatro anos de rastreios a alunos à entrada do segundo e terceiro ciclos”.
“Estamos a falar de cerca de 10.348 alunos que são rastreados com um conjunto de perguntas e de indicadores para qualificarmos o seu risco de insucesso escolar”, adiantou.
A avaliação utilizou como base o Índice Graffar, que classifica as famílias em cinco classes de risco: Alta, Média Alta, Média, Média Baixa e Baixa.
As conclusões do estudo apontam que todos os alunos de classes mais favorecidas transitam de ano letivo, mas analisando os resultados dos alunos das restantes classes sociais, verifica-se que a percentagem de sucesso diminui.
“No 2.º ciclo, os alunos de classe média-baixa apresentam uma taxa de transição de 96,4%. No terceiro ciclo, a mesma classe apresenta uma taxa de passagem de ano de 83,8%”, exemplifica a EPIS em comunicado.
“Temos, de facto, uma taxa de insucesso média de cerca de 20%. Portanto, 20 em cada em cada 100 alunos reprovam e, no fundo, é essa ligação à estratificação socioeconómica das famílias que nós fazemos nesta publicação e é um dos ‘outputs’ deste estudo”, acrescentou Diogo Simões Pereira, considerando ser um “valor bastante elevado” que deve servir de alerta.
O estudo também analisou o nível de habilitações e de rendimentos dos pais, o tipo de emprego que têm, assim como o bairro e a habitação em que vivem.
O que se conclui é que “as crianças e jovens que têm pais com mais educação, com níveis de rendimentos mais elevado, e melhores condições de habitação, tendem a ter melhores resultados escolares”, disse.
Só o facto de um jovem ter um quarto individual, onde pode estar em silêncio, “faz uma diferença enorme”, comparando com um jovem que tem de partilhar o quarto com irmãos, enfatizou.
Segundo Diogo Simões Pereira, o objetivo da EPIS é identificar estes alunos de famílias mais desfavorecidas para que possam ter uma atenção, um cuidado e uma ajuda especial enquanto estão na escola, porque eventualmente quando chegam a casa, não têm as condições de estudo adequadas, “até porque muitas vezes têm que ajudar nas questões de gestão da casa, como cuidar dos irmãos mais novos”.
O estudo também indica que os alunos que beneficiaram de programas de apoio escolar registaram melhorias significativas nos resultados, evidenciando a importância de medidas que promovam a igualdade de oportunidades no percurso educativo.
Neste ano letivo, a EPIS está a acompanhar cerca de 10 mil alunos, através de mediadores e projetos ativos em mais de 250 escolas de cerca de 40 concelhos do continente e em sete ilhas do Açores, estando a começar a trabalhar também na Madeira, no pré-escolar.
Segundo a associação, o sucesso escolar dos alunos EPIS do 1.º ciclo aumentou de 93,4% para 95,8%, do ano letivo 2022/2023 para o ano letivo 2023/2024, e a dos estudantes dos 2.º e 3.º ciclos de 77,1%, para 83,2% e a percentagem de alunos com duas ou menos negativas subiu 11,6 pontos percentuais, situando-se nos 76,9%, contrastando com os restantes alunos das mesmas escolas, cuja percentagem se situa nos 66,8%.
