CIÊNCIA & TECNOLOGIA
COVILHÃ: EMPRESA LANÇA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL APLICADA À JUSTIÇA
Uma empresa da Covilhã criou um sistema informático, com recurso a Inteligência Artificial (IA), que ajuda na tomada de decisões na área da justiça criminal e promete representar “uma nova era” na gestão penitenciária.
Uma empresa da Covilhã criou um sistema informático, com recurso a Inteligência Artificial (IA), que ajuda na tomada de decisões na área da justiça criminal e promete representar “uma nova era” na gestão penitenciária.
Além de um software de administração, o Horus 360º iOMS (Intelligent Offender Management System) apresenta-se como “uma solução revolucionária”.
“O que tem de inovador é a integração da inteligência artificial ao longo de todo o processo, desde que o indivíduo em conflito com a lei é detido, passando pelo julgamento, até ao estabelecimento prisional e às recomendações de programas de reabilitação, dependendo do perfil e da disponibilidade dos programas que existem”, explicou, em declarações à agência Lusa, José Santos, da IPS – Inovative Prision Systems, a empresa que desenvolveu a nova ferramenta.
Segundo José Santos, este é um modelo inovador, que “não existia”, e adiantou que o projeto já está “em fase-piloto” junto de parceiros, sem indicar o país, referindo apenas que está a ser testado “na Europa”.
Para a IPS, que tem como diretor executivo Pedro das Neves, o Horus 360º iOMS “representa um avanço significativo na modernização organizacional e na transformação digital do setor”.
De acordo com José Santos, o Horus é um “produto terminado” que pode interessar a várias entidades que operam na área da justiça criminal, desde a polícia, ao tribunal ou às prisões, embora ressalve que, “como é um produto com tantos pontos de integração, vai sempre requerer uma adaptação às jurisdições específicas” para poder ser implementado junto de cada parceiro.
A empresa, com mais de duas décadas de experiência, embora com outro nome, explicou, em comunicado, que “esta solução é atualmente o único OMS com base em evidências científicas desenvolvido na União Europeia que utiliza Inteligência Artificial para apoiar a tomada de decisões ao longo de todo o processo de indivíduos detidos e condenados”.
“A abrangência do Horus 360º iOMS, recolhendo informação ao logo do processo penal e penitenciário, garante a continuidade e partilha de informação relevante, permitindo maior cooperação e interoperabilidade entre atores de justiça criminal”, pormenorizou a IPS, na mesma nota.
O programa recorre a ferramentas como a avaliação integrada de riscos e necessidades, que prevê a probabilidade de reincidência, violência, suicídio ou radicalização.
O sistema também sugere a acomodação dos detidos nos estabelecimentos prisionais tendo em conta os fatores de risco e as necessidades específicas de cada um, para reduzir a possibilidade de conflitos.
O Horus faz ainda uma coordenação interinstitucional ao nível da automatização de fluxos de trabalho, tarefas e análises de dados “para uma eficiente e colaboração melhoradas”.
Questionado sobre as questões éticas que as análises preditivas podem levantar, José Santos afirmou que essa questão foi ponderada e é contornada porque se trata de recomendações e porque o importante é o rigor das informações introduzidas no sistema prestadas pelos agentes de justiça.
“O cuidado que precisamos ter é a atenção à informação introduzida no sistema, para ser fidedigna e não ter enviesamentos predefinidos”, salientou José Santos.
Para o diretor executivo da IPS, Pedro das Neves, o Horus não significa apenas modernização, “trata-se de capacitar os sistemas de justiça para alcançar melhores resultados de reinserção social e contribuir uma sociedade justa e segura”.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
MARTE TEVE PERÍODOS QUENTES E ÁGUA DURANTE 40 MILHÕES DE ANOS
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
O facto de atualmente Marte ser frio e seco mas ter tido rios e lagos há vários milhares de milhões de anos intriga os cientistas há décadas.
“Tem sido um verdadeiro mistério que houvesse água líquida em Marte, porque Marte está mais longe do Sol e, além disso, o Sol era mais fraco no início”, explicou, em comunicado, Danica Adams, investigadora de pós-doutoramento da NASA na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson (SEAS) de Harvard e principal autora do novo artigo publicado na Nature Geoscience.
Anteriormente, existia a teoria de que o hidrogénio era o ingrediente mágico que, quando misturado com o dióxido de carbono da atmosfera marciana, desencadeava episódios de aquecimento global. Mas a vida útil do hidrogénio atmosférico é curta, pelo que foi necessária uma análise mais detalhada.
Agora, Adams, o professor Robin Wordsworth de Ciências Ambientais e Engenharia na SEAS, e a sua equipa realizaram modelação fotoquímica (semelhante aos métodos utilizados hoje em dia para rastrear poluentes atmosféricos) para preencher os detalhes da relação da atmosfera marciana primitiva com o hidrogénio e como este relacionamento mudou ao longo do tempo.
“Marte antiga é um mundo perdido, mas pode ser reconstruído em detalhe se fizermos as perguntas certas”, frisou Wordsworth.
“Este estudo sintetiza a química atmosférica e o clima pela primeira vez para fazer algumas previsões surpreendentes que podem ser testadas quando trouxermos rochas de Marte para a Terra”, acrescentou.
Adams modificou um modelo chamado CINETICA para simular como uma combinação de hidrogénio e outros gases que reagem com o solo e o ar controlavam o clima marciano primitivo.
Descobriu que durante os períodos Noachiano e Hesperian, entre há 4 e 3 mil milhões de anos, Marte passou por períodos quentes episódicos ao longo de cerca de 40 milhões de anos, com cada evento a durar 100.000 anos ou mais.
Estas estimativas são consistentes com as características geológicas de Marte atualmente. Os períodos quentes e húmidos eram causados pela hidratação da crosta, ou perda de água do solo, que fornecia hidrogénio suficiente para se acumular na atmosfera durante milhões de anos.
“Identificámos escalas de tempo para todas estas alternâncias. E descrevemos todas as peças no mesmo modelo fotoquímico”, sublinhou Adams.
O trabalho de modelação fornece novas perspetivas potenciais sobre as condições que sustentaram a química prebiótica (os fundamentos da vida posterior como a conhecemos) durante os períodos quentes, e os desafios para a persistência dessa vida durante os intervalos frios e oxidativos.
Adams e outros cientistas estão a começar a trabalhar para encontrar evidências destas alternâncias utilizando modelos químicos isotópicos e planeiam comparar estes resultados com rochas da próxima missão Mars Sample Return (MRS).
Como Marte não possui placas tectónicas, ao contrário da Terra, a superfície visível atualmente é semelhante à de antigamente, tornando a sua história dos lagos e rios muito mais intrigante, realçou ainda.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
ASTEROIDE BENNU REVELOU EXISTÊNCIA DE MOLÉCULAS DE ADN
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
De acordo com o trabalho publicado esta quarta-feira na revista científica Nature Astronomy, as amostras analisadas revelaram a presença das cinco bases nitrogenadas — adenina, guanina, citosina, timina e uracilo — necessárias para a construção de ADN e ARN.
Foram igualmente identificados pelos investigadores da Universidade Hokkaido, no Japão, os compostos xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3).
Uma amostra de 121,6 gramas do asteroide Bennu chegou à Terra em 2023 à “boleia” da missão Osiris-Rex, da agência espacial norte-americana (NASA).
Tratou-se da maior amostra extraterrestre recolhida e enviada para a Terra.
Segundo uma das teses, os asteroides (corpos rochosos do Sistema Solar) contribuíram com água e componentes químicos essenciais para a vida na Terra há milhares de milhões de anos.
Embora os meteoritos na Terra provenham de asteroides, a interpretação dos seus dados “é desafiante” face à “exposição à humidade” da atmosfera e a “uma biosfera descontrolada”, refere a Universidade Hokkaido em comunicado, assinalando que “amostras imaculadas recolhidas de asteroides no espaço são os candidatos ideais”.
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