CIÊNCIA & TECNOLOGIA
EMPRESA PORTUGUESA CRIA OVO 100% VEGETAL QUE SUBSTITUI OVO TRADICIONAL
Uma empresa portuguesa da área da investigação e desenvolvimento alimentar criou um ovo 100% vegetal, que pode ser usado na alimentação ou na indústria pasteleira, mantendo o sabor e o aroma do ovo tradicional das galinhas.
Uma empresa portuguesa da área da investigação e desenvolvimento alimentar criou um ovo 100% vegetal, que pode ser usado na alimentação ou na indústria pasteleira, mantendo o sabor e o aroma do ovo tradicional das galinhas.
“Mimetiza o ovo, no seu sabor, no seu aroma, na sua nutrição. Conseguimos criar um produto 100% a partir de extratos vegetais, que faz ovos mexidos deliciosos, faz boas omeletes e tem utilização em padaria e pastelaria”, disse à agência Lusa Daniel Abegão, administrador e responsável técnico do CFER – Centre for Food Education e Research, localizado em Alcobaça, distrito de Leiria.
Criado a partir da soja – planta que possui “propriedades físico-químicas que lhes permitem substituir o ovo e imitá-lo, também em termos da sua forma de confeção” – incorpora outros extratos vegetais, resultando num produto “que parece ovo, cheira a ovo, sabe a ovo, mas que não é ovo”, explicou Daniel Abegão.
“Permite dar ao consumidor final, seja vegetariano ou apenas adepto de uma alimentação mais saudável e mais sustentável, um produto semelhante ao ovo e que não vai, de certeza absoluta, deixar saudades do ovo original da galinha”, afiançou o investigador.
Numa íngreme rua do centro da cidade, com vista para as torres do Mosteiro de Alcobaça, ficam as atuais instalações do CFER, concretamente os escritórios e o espaço de investigação, este um misto de laboratório científico e cozinha lá de casa, onde não falta um frigorífico, máquina de lavar e, claro, um fogão.
Aquando da visita da reportagem da agência Lusa, coube ao microbiólogo João Peça a função de ‘chef’ de serviço na confeção de ovos mexidos a partir do ovo líquido vegetal, que, pôde-se atestar, tinham uma textura e um sabor tal e qual os originais.
O ovo vegetal ainda não está no mercado, mas, segundo Daniel Abegão, estará “ainda no primeiro semestre deste ano”, depois de “mais de cinco anos de investigação e desenvolvimento”.
“Estamos, neste momento, a terminar a implementação industrial do projeto [em fábricas parceiras com as quais o CFER trabalha], a estudar os últimos detalhes técnicos, para o lançarmos muito em breve no mercado nacional e internacional”, revelou o responsável técnico, formado na Universidade de Coimbra em bioquímica e química industrial.
O ovo vegetal tem já clientes interessados na Europa, em África e nos EUA e Brasil.
“Acreditamos que vai, certamente, ter muito sucesso, pelo trabalho que deu a desenvolver, e para conseguirmos ter um produto final estável e saboroso”, notou.
“E esperamos que as pessoas consigam perceber que há uma mais-valia em comprar este ovo, sejam vegetarianos ou não vegetarianos. É tudo uma perspetiva de uma alimentação mais saudável e um estilo de vida mais sustentável”, acrescentou Daniel Abegão.
O ovo 100% vegetal está enquadrado num projeto do CFER em biotecnologia alimentar denominado ‘Plantalicious’, onde a empresa desenvolve a sua própria investigação e coloca o produto no mercado, recorrendo a marcas próprias.
“A ideia partiu de uma constatação, através da indústria alimentar, de que há uma grande tendência a nível mundial, que é a substituição das proteínas animais através de uma base vegetal. A nossa vontade era criar algo que substituísse o ovo, que é um produto que, muitas vezes, não está no centro da investigação na área da substituição alimentar”, afiançou.
No painel de desenvolvimento de novos produtos relacionados com o ovo vegetal, estão ovos estrelados ou escalfados – atualmente o ovo líquido não o permite, por não separar a gema da clara – ou ovos mexidos e omeletes “já prontos a consumir”, revelou Daniel Abegão.
Em fase de desenvolvimento está também um novo produto: palhinhas comestíveis, produzidas igualmente a partir de extratos vegetais, aqui com a incorporação do meio marinho, através de algas.
“Os plásticos de uso único exclusivo, para depois serem descartados no lixo, foram proibidos nos últimos anos. Identificámos tanto uma oportunidade de negócio nessa área, como uma oportunidade de criarmos inovação”, frisou Daniel Abegão, aludindo à palhinha “que parece plástico, mas não é à base de plástico” e é comestível, reciclável e “economicamente viável”.
Para além do desenvolvimento próprio, a empresa de Alcobaça, onde trabalham oito pessoas, tem também tem uma componente de prestação de serviços – o Reino Unido é o mercado principal, e, para além de Portugal, possui parcerias e contratos com clientes europeus em Espanha, França, Alemanha, Irlanda e Suécia, africanos de Angola, Cabo Verde e Senegal ou com empresas norte-americanas e brasileiras – onde, também com base nas ideias dos clientes, o conceito é desenvolvido “até ao produto final e entregue, ‘chave na mão’ no armazém do cliente”, sustentou Daniel Abegão.
“O produto é idealizado da forma que o cliente pretende e nós conseguimos entregá-lo através do nosso trabalho de investigação científica”, adiantou.
Por junto, a atividade principal do CFER é a alimentação saudável: “bebidas saudáveis, molhos saudáveis, refeições prontas mais saudáveis, iogurtes, laticínios, queijos e também suplementos [alimentares], a nossa empresa desenvolve e fá-lo sempre da perspetiva de alimentação saudável, de forma que o consumidor possa ter acesso a um produto cada vez com maior valor acrescentado”, argumentou Daniel Abegão.
Os produtos, observou, têm menos gorduras e são alimentos fornecidos através de uma cadeia de valor “cada vez mais transparente, clara e justa e com menos ingredientes que, reconhecidamente, são prejudiciais para o consumo humano”.
O responsável técnico do CFER não tem dúvidas de que, com o contributo da ciência e da junção de conhecimentos em áreas como a nutrição, bioquímica alimentar, engenharia ou química industrial, entre outras, é possível criar “um bom produto final, competitivo, tecnicamente correto, que seja também saboroso e bom para o consumidor em termos de saúde”.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
MARTE TEVE PERÍODOS QUENTES E ÁGUA DURANTE 40 MILHÕES DE ANOS
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
O facto de atualmente Marte ser frio e seco mas ter tido rios e lagos há vários milhares de milhões de anos intriga os cientistas há décadas.
“Tem sido um verdadeiro mistério que houvesse água líquida em Marte, porque Marte está mais longe do Sol e, além disso, o Sol era mais fraco no início”, explicou, em comunicado, Danica Adams, investigadora de pós-doutoramento da NASA na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson (SEAS) de Harvard e principal autora do novo artigo publicado na Nature Geoscience.
Anteriormente, existia a teoria de que o hidrogénio era o ingrediente mágico que, quando misturado com o dióxido de carbono da atmosfera marciana, desencadeava episódios de aquecimento global. Mas a vida útil do hidrogénio atmosférico é curta, pelo que foi necessária uma análise mais detalhada.
Agora, Adams, o professor Robin Wordsworth de Ciências Ambientais e Engenharia na SEAS, e a sua equipa realizaram modelação fotoquímica (semelhante aos métodos utilizados hoje em dia para rastrear poluentes atmosféricos) para preencher os detalhes da relação da atmosfera marciana primitiva com o hidrogénio e como este relacionamento mudou ao longo do tempo.
“Marte antiga é um mundo perdido, mas pode ser reconstruído em detalhe se fizermos as perguntas certas”, frisou Wordsworth.
“Este estudo sintetiza a química atmosférica e o clima pela primeira vez para fazer algumas previsões surpreendentes que podem ser testadas quando trouxermos rochas de Marte para a Terra”, acrescentou.
Adams modificou um modelo chamado CINETICA para simular como uma combinação de hidrogénio e outros gases que reagem com o solo e o ar controlavam o clima marciano primitivo.
Descobriu que durante os períodos Noachiano e Hesperian, entre há 4 e 3 mil milhões de anos, Marte passou por períodos quentes episódicos ao longo de cerca de 40 milhões de anos, com cada evento a durar 100.000 anos ou mais.
Estas estimativas são consistentes com as características geológicas de Marte atualmente. Os períodos quentes e húmidos eram causados pela hidratação da crosta, ou perda de água do solo, que fornecia hidrogénio suficiente para se acumular na atmosfera durante milhões de anos.
“Identificámos escalas de tempo para todas estas alternâncias. E descrevemos todas as peças no mesmo modelo fotoquímico”, sublinhou Adams.
O trabalho de modelação fornece novas perspetivas potenciais sobre as condições que sustentaram a química prebiótica (os fundamentos da vida posterior como a conhecemos) durante os períodos quentes, e os desafios para a persistência dessa vida durante os intervalos frios e oxidativos.
Adams e outros cientistas estão a começar a trabalhar para encontrar evidências destas alternâncias utilizando modelos químicos isotópicos e planeiam comparar estes resultados com rochas da próxima missão Mars Sample Return (MRS).
Como Marte não possui placas tectónicas, ao contrário da Terra, a superfície visível atualmente é semelhante à de antigamente, tornando a sua história dos lagos e rios muito mais intrigante, realçou ainda.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
ASTEROIDE BENNU REVELOU EXISTÊNCIA DE MOLÉCULAS DE ADN
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
De acordo com o trabalho publicado esta quarta-feira na revista científica Nature Astronomy, as amostras analisadas revelaram a presença das cinco bases nitrogenadas — adenina, guanina, citosina, timina e uracilo — necessárias para a construção de ADN e ARN.
Foram igualmente identificados pelos investigadores da Universidade Hokkaido, no Japão, os compostos xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3).
Uma amostra de 121,6 gramas do asteroide Bennu chegou à Terra em 2023 à “boleia” da missão Osiris-Rex, da agência espacial norte-americana (NASA).
Tratou-se da maior amostra extraterrestre recolhida e enviada para a Terra.
Segundo uma das teses, os asteroides (corpos rochosos do Sistema Solar) contribuíram com água e componentes químicos essenciais para a vida na Terra há milhares de milhões de anos.
Embora os meteoritos na Terra provenham de asteroides, a interpretação dos seus dados “é desafiante” face à “exposição à humidade” da atmosfera e a “uma biosfera descontrolada”, refere a Universidade Hokkaido em comunicado, assinalando que “amostras imaculadas recolhidas de asteroides no espaço são os candidatos ideais”.
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