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ECONOMIA & FINANÇAS

ENCARGOS COM A CASA SUPERAM OS 40% DO RENDIMENTO DE MENOS 5% DAS FAMÍLIAS

O crédito à habitação em Portugal em percentagem do PIB quadruplicou entre 1970 e 2022, sendo que menos de 5% das famílias esgotam mais de 40% do seu rendimento disponível nos encargos com a casa, contra 9% na União Europeia.

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O crédito à habitação em Portugal em percentagem do PIB quadruplicou entre 1970 e 2022, sendo que menos de 5% das famílias esgotam mais de 40% do seu rendimento disponível nos encargos com a casa, contra 9% na União Europeia.

Estes dados constam da série de publicações “Como éramos e como mudámos” elaboradas pelo Banco de Portugal (BdP) no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, com a que hoje foi divulgada sob o título “Portugal em construção” a fazer um retrato da evolução da construção e das condições das habitações nestas cinco décadas.

Alguns dos dados do “Portugal em construção” mostram que no final dos anos 70 o crédito à habitação era inferior a 10% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo atualmente de 40% (após ter ‘tocado’ os 60% antes da crise financeira e da chegada da troika).

Mas este crescimento do crédito bancário, assinala a publicação do BdP, “não se tem traduzido numa sobrecarga significativa com os encargos da habitação” em Portugal, onde a percentagem de famílias cujos encargos superam os 40% do respetivo rendimento disponível é de menos de 5%, enquanto a média de famílias da UE nesta situação ronda os 9%.

O estudo mostra ainda que a percentagem de famílias portuguesas proprietária da sua casa subiu de 49,3% para 76% entre 1970 e 2022 (sendo uma das mais elevadas da OCDE), sendo que 30,2% recorreu ao crédito para comprar a sua casa.

No espaço destas cinco décadas (neste caso mais exatamente entre 1970 e 2021), a percentagem de famílias portuguesas que vivem em casa própria subiu de 49,3% para valores da ordem dos 70% enquanto as que vivem em casa arrendada recuou de 45,1% para 22,3%.

O “Portugal em construção” mostra também a evolução do parque habitacional, notando que este mais do que duplicou, passando de 2,7 milhões de alojamentos clássicos em 1970 para quase 6 milhões em 2021, e referindo também que até 2011 o número de alojamentos aumentou em cerca de 800 mil por década, “ritmo que abrandou para pouco mais de 100 mil entre 2011 e 2021”.

O tamanho das casas também mudou, com a maioria dos alojamentos a terem hoje entre quatro e cinco divisões (os de duas, três e quatro divisões eram mais comuns nos anos 70), com este maior espaço disponível a ser acompanhado por uma redução média das famílias que passaram de 3,7 pessoas em 1970 para 2,5 pessoas em 2022.

Esta publicação analisa ainda a evolução das condições das habitações, nomeadamente de funcionalidades básicas como existência de eletricidade ou de água canalizada, comparando-as com outros países europeus.

E os números dão conta de como Portugal comparava mal, ao revelarem que, em 1970, 52,3% das habitações portuguesas não tinham água canalizada e que a eletricidade não chegava a mais de um terço (35,8%). No mesmo ano, França registava apenas 0,9% de habitações sem água canalizada, enquanto em Itália eram 10,6% (1% dos italianos também não tinha então eletricidade em casa), na Finlândia 27,9% (e 4% sem eletricidade), na Irlanda 21,8% (5,3% sem eletricidade), na Dinamarca e Países Baixos cerca de 3% e na Polónia com 44,9%.

Com o acesso as estas funcionalidades básicas ultrapassado, a ‘lupa’ de 2021 foca-se noutro tipo de indicadores de qualidade das habitações, nomeadamente acesso à Internet, taxa de sobrelotação e falta de aquecimento adequado no inverno.

Relativamente à Internet, Portugal compara bem com a média dos lares da União Europeia e na sobrelotação até apresenta melhores indicadores, com esta taxa a ser por cá de 13% contra 17% na UE.

Porém, no que diz respeito à percentagem de população que vive sem aquecimento adequado no inverno, os números atingem os 38% em Portugal contra 18% da média da União Europeia.

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SETE EM CADA DEZ EMPRESAS DISCORDAM DA SEMANA DE QUATRO DIAS

Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.

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Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.

Elaborado pela Associação Industrial Portuguesa — Câmara de Comércio e Indústria (AIP-CCI) e referente ao quarto trimestre de 2024, o “Inquérito de Contexto Empresarial sobre o Mercado Laboral” indica ainda que 70% das empresas defendem que matérias laborais como carreiras, benefícios, remunerações complementares ou limites de horas extraordinárias deveriam ser concertadas no interior das empresas e não em sede de Contrato Coletivo de Trabalho (CCT).

Relativamente ao banco de horas individual, 71% das empresas inquiridas dá parecer favorável e, destas, 74% entende que deveria ser fixado por acordo dentro da empresa, em vez de nas convenções coletivas de trabalho.

Segundo nota a AIP, entre as empresas que mais defendem esta concertação interna estão as pequenas e médias empresas.

Já em termos de modelo de trabalho, 81% das 523 empresas participantes dizem praticar trabalho presencial, 17% um modelo híbrido e 2% teletrabalho. Entre as que adotaram um modelo híbrido ou remoto, 73% afirmam que tal contribuiu para uma melhoria da produtividade e 84% consideram manter este modelo.

Quando questionadas sobre o Salário Mínimo Nacional (SMN), 83% das empresas concordam com a sua existência, ainda que 65% entendam que não deve ser encarado como um instrumento de redistribuição de riqueza.

Entre as que consideram que o SMN deve ser um instrumento com este fim, 45% diz que deveria ser a sociedade a suportá-lo, através de impostos negativos nos rendimentos mais baixos, enquanto as restantes 55% defendem que deveria ser suportado pelos custos de exploração das empresas.

Relativamente ao valor de 1.020 euros mensais projetados para o SMN até ao final da atual legislatura, mais de metade (56%) das empresas inquiridas apontam que é suportável pela conta de exploração das empresas, embora 95% desconheça algum estudo que aponte o seu setor de atividade como tendo capacidade para o financiar.

Para 65% das empresas, a fixação anual do salário mínimo deveria estar dependente da evolução da produtividade.

Quando questionadas sobre a autodeclaração de doença, 55% das empresas manifestou-se contra, apesar de 89% assinalar que nunca registou um caso destes ou que estes são muito pouco frequentes.

No que respeita ao designado “direito a desligar”, metade das empresas defende-o e outras tantas discordam, sendo que entre as que apresentam maior taxa de rejeição à implementação desta medida estão, sobretudo, as médias e microempresas.

Já quanto a sua comunicação à ACT, 86% das empresas discordam deste procedimento.

O inquérito da AIP-CCI foi realizado entre 12 de outubro e 11 de novembro de 2024 junto de 523 sociedades comerciais de todo o país (24% do Norte, 32% do Centro, 26% da Área Metropolitana de Lisboa, 12% do Alentejo, 3% do Algarve e 3% das ilhas).

A indústria representou 47% da amostra, seguida pelos serviços (26%), comércio (14%), construção (7%), agricultura (3%), alojamento e restauração (2%) e transportes e armazenagem (1%), sendo que 3% eram grandes empresas, 8% médias, 45% pequenas e 44% microempresas.

Da totalidade da amostra, 49,01% são empresas exportadoras.

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ERC: APENAS 4% DOS MEDIA PORTUGUESES FATURAM ACIMA DE 10 MILHÕES

As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.

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As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.

Esta é uma das conclusões do estudo de análise económica e financeira sobre os media em Portugal da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) relativo ao exercício de 2023, que tem por base dados reportados pelos regulados, no âmbito da Lei da Transparência da Titularidade dos Meios de Comunicação Social (Lei nº 78/2015, de 29 de julho).

“A análise conduzida pela ERC apurou que os ativos totais das empresas de comunicação social ascenderam a 1.123.063 euros e os rendimentos totais da atividade a 1.166.911 euros”, lê-se no comunicado do regulador.

Constatou-se “que as empresas com rendimentos superiores a 10 milhões de euros apenas representaram 4% da totalidade de entidades, mas 86% dos ativos, 84% dos capitais próprios do setor e 89% dos rendimentos”, prossegue a ERC.

O regulador refere que sobressai “o facto de não se ter assistido, em 2023, a uma melhoria dos rendimentos das empresas de comunicação social em Portugal, mantendo-se em 53% a percentagem de empresas que registam crescimento dos rendimentos”.

No período em análise, “o número de empresas com resultados líquidos positivos, resultados operacionais ou EBITDA positivos, e capitais próprios positivos situou-se em proporções inferiores a 2022”.

O estudo caracteriza o setor dos media português de “granular, composto por muitas pequenas empresas, em especial nos segmentos mais tradicionais, como as publicações periódicas e as rádios hertzianas”.

Aliás, “são as pequenas empresas que enfrentam maiores dificuldades face à alteração paradigmática da forma como os conteúdos são consumidos e dos interesses e composição dos consumidores, limitando ou inibindo a capacidade de crescimento”.

A publicidade continuou a ser a principal fonte de receitas do setor em 2023, “mas a sua evolução apresentou um comportamento misto entre as principais instituições”.

De acordo com a análise, “verificou-se um aumento das receitas de publicidade do segmento de televisão, mas mais centrado nos canais de televisão por subscrição (STVS) em detrimento do ‘free-to-air’ [canais gratuitos]”.

O consumo de notícias “é cada vez mais fragmentado entre diferentes plataformas comunicacionais e que a utilização do vídeo como fonte noticiosa tem vindo a crescer, especialmente entre os mais jovens”, refere a análise, que adianta que como “principal fonte de conteúdos de vídeo noticiosos surgem as plataformas de partilha de vídeo em detrimento dos ‘sites’ dos editores, o que aumenta os desafios de monetização de produção de conteúdos e conexão destes últimos”.

O estudo completo da ‘Análise Económica e Financeira ao Setor de Media em Portugal no ano 2023’ pode ser consultado na página da ERC.

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