INTERNACIONAL
FRANÇA: MACRON ACUSA A RÚSSIA DE ‘REGRESSO À ERA DO IMPERIALISMO’
O Presidente francês, Emmanuel Macron, acusou hoje a Rússia de “provocar o regresso dos imperialismos e das colónias” na Europa com a invasão da Ucrânia, em fins de fevereiro.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, acusou hoje a Rússia de “provocar o regresso dos imperialismos e das colónias” na Europa com a invasão da Ucrânia, em fins de fevereiro.
“O que estamos a testemunhar desde 24 de fevereiro é um regresso à era dos imperialismos e das colónias. A França recusa essa ideia e irá obstinadamente procurar a paz”, frisou o chefe de Estado francês ao discursar na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.
“Quem é hegemónico hoje senão a Rússia?”, questionou Macron.
“Aqueles que hoje estão calados servem, ou secretamente com uma certa cumplicidade, a causa de um novo imperialismo, de um cinismo contemporâneo que está a desintegrar a nossa ordem internacional sem a qual a paz não é possível”, lamentou Macron.
Antes, na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para um “inverno de descontentamento no horizonte”, num mundo “paralisado” por divisões apesar das crises crescentes, desde a guerra na Ucrânia até ao aquecimento global.
A invasão da Ucrânia pela Rússia está no centro da semana diplomática de alto nível na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Macron destacou, no entanto, que mantém um canal aberto de diálogo com a Rússia de Putin, com quem planeia voltar a falar nos próximos dias, em especial sobre segurança nuclear.
Numa parte do discurso, o presidente francês questionou o papel dos países considerados não alinhados em relação à invasão russa da Ucrânia.
“Alguns fazem-nos acreditar que haveria o Ocidente de um lado e o resto do mundo do outro. Sou contra essa divisão”, disse o presidente, que pediu aos países que se dizem neutros que saiam dessa posição para não serem cúmplices do novo imperialismo russo.
Na intervenção, Macron continuou as duras críticas contra Moscovo, sublinhando a “agressão russa à Ucrânia”, em que Putin está a tentar envolver toda a comunidade internacional.
“Com a guerra, a Rússia decidiu abrir a proibição de outras guerras de anexação, hoje na Europa, mas talvez amanhã na Ásia, África e América Latina. O que vimos desde 24 de fevereiro é um regresso ao imperialismo e ao colonialismo, rejeitado pela França”, insistiu.
Para Macron, a paz “só é possível” se a Ucrânia “soberanamente” a quiser e a Rússia aceitar, “de boa-fé”, que a soberania ucraniana seja “respeitada, com um território libertado e com garantia de segurança”.
Falando aos jornalistas antes de subir à tribuna, Macron disse que os referendos russos nas regiões ucranianas ocupadas sobre a anexação das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, e das administrações de Kherson e Zaporijia, não obterão reconhecimento da comunidade internacional e que, como tal, “não terão nenhuma consequência no plano jurídico”.
“Os referendos são uma provocação suplementar. […] Constituem a demonstração de cinismo por parte da Rússia. Se não fosse trágico, até daria para nos rirmos”, disse Macron.
Momentos antes, também os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) disseram que a convocação de referendos é um “sinal de fraqueza” da Rússia.
Para Washington, a convocação dos dois referendos separados é um “sinal da fraqueza russa” na Ucrânia e a NATO disse que podem constituir uma “nova escalada da guerra” para esconder debilidades das forças militares russas.
“A Rússia está a realizar referendos falsos com três dias de antecedência, porque continua a perder terreno no campo de batalha. São uma afronta aos princípios de soberania e integridade territorial. […] Sabemos que serão manipulados e que a Rússia os usará como base para anexar esses territórios, agora ou no futuro”, disse o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.
Para o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, os “simulacros de referendo” organizados pelas autoridades instaladas por Moscovo em quatro regiões da Ucrânia são “uma nova escalada da guerra de Putin”.
“Esses referendos falsos não têm legitimidade e não mudam a natureza da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”, escreveu Stoltenberg na conta pessoal da rede social Twitter, defendendo que “a comunidade internacional deve condenar esta flagrante violação do direito internacional”.
Os territórios separatistas pró-russos da região de Donbass, na Ucrânia, vão realizar de 23 a 27 de setembro referendos para decidirem sobre a sua anexação pela Rússia, anunciaram hoje as autoridades locais.
A semana de alto nível da Assembleia Geral das Nações Unidas começou na terça-feira, na sede da ONU em Nova Iorque, e irá prolongar-se até à próxima segunda-feira, com a presença de dezenas de chefes de Estado e de Governo, entre eles o primeiro-ministro português, António Costa.
Esta é a primeira Assembleia Geral desde o início da guerra na Ucrânia e a primeira em formato presencial desde o início da pandemia.
O evento decorre sob o tema “Um momento divisor de águas: soluções transformadoras para desafios interligados”, e terá como foco a guerra na Ucrânia e as crises globais a nível alimentar, climático e energético.
INTERNACIONAL
BIBLIOTECA SOBRE O NAZISMO E O HOLOCAUSTO ACESSÍVEL NA INTERNET DESDE HOJE
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto, com sede em Londres, reúne centenas de milhares de documentos originais sobre a situação dos judeus europeus antes de 1939, o regime nazi e o Holocausto.
A biblioteca decidiu tornar acessível hoje, no 80.º aniversário da libertação de Auschwitz, parte da sua coleção, nomeadamente fotografias, cartas e testemunhos que atestam os crimes nazis no campo da Polónia (https://wienerholocaustlibrary.org/).
“A necessidade de defender a verdade tornou-se ainda mais urgente devido ao ressurgimento do antissemitismo e de outras formas de desinformação e ódio”, explicou Toby Simpson, diretor da biblioteca, citado num comunicado.
“Ao disponibilizar gratuitamente uma grande quantidade de provas em linha [‘online’], estamos a garantir que os arquivos históricos são acessíveis a todos”, afirmou, segundo a agência francesa AFP.
Entre os mais de 150.000 documentos disponíveis em linha pela primeira vez, encontram-se numerosas fotografias tiradas aquando da libertação do campo de Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945.
Também ficaram acessíveis documentos utilizados nos julgamentos de Nuremberga, durante os quais os principais dirigentes do Terceiro Reich, o regime nazi alemão de Adolf Hitler, foram julgados.
A biblioteca publica também cerca de 500 folhetos e livros de propaganda antifascista, distribuídos na Alemanha na década de 1930 e disfarçados de anúncios de champôs ou livros de receitas, para escapar à vigilância do regime nazi.
Revela também documentos que mostram a ascensão do fascismo no Reino Unido antes e depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
“Numa altura em que figuras de extrema-direita ameaçam a Europa e não só, estas coleções revelam não só as origens destas ideologias perigosas, mas também as motivações e estratégias daqueles que, ao longo da História, as mantiveram à distância”, disseram os responsáveis pela biblioteca.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto foi fundada na década de 1930 por Alfred Wiener, que fez campanha contra o nazismo nas décadas de 1920 e 1930.
Depois de fugir da Alemanha para os Países Baixos, em 1933, começou a recolher provas da perseguição dos judeus.
Continuou o seu trabalho a partir do Reino Unido, onde se exilou pouco antes do início da guerra e onde a biblioteca ainda se encontra, no centro de Londres.
Sobreviventes de Auschwitz, acompanhados pelo Presidente polaco, Andrzej Duda, depositaram flores hoje de manhã em frente ao Muro da Morte do campo, onde os prisioneiros eram fuzilados.
Alguns usavam lenços às riscas azuis e brancas, simbolizando os antigos uniformes prisionais. Ao pé do muro, acenderam velas em memória dos mortos e tocaram o muro com uma mão, em silêncio.
A cerimónia, sob o portão de entrada de Birkenau, deverá começar às 16:00 locais (15:00 em Lisboa) e contará com a presença de 54 delegações internacionais, algumas das quais lideradas por chefes de Estado, mas o foco estará nos sobreviventes, segundo a organização.
“Este ano, estamos a centrar-nos nos sobreviventes e na sua mensagem”, disse à AFP o porta-voz do museu de Auschwitz, Pawel Sawicki.
“Não haverá discursos de políticos”, acrescentou.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no campo entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
INTERNACIONAL
PAPA DIZ QUE HOLOCAUSTO NÃO PODE SER ESQUECIDO OU NEGADO
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
“Amanhã é o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, 80 anos após a libertação do campo de concentração de Auschwitz. O horror do extermínio de milhões de judeus e de pessoas de outras religiões durante esses anos não pode ser esquecido nem negado”, afirmou o Papa no final da oração do Angelus dominical.
Lembrando que, durante esses anos, foram também mortos “muitos cristãos, muitos mártires”, Francisco apelou a que “todos trabalhem em conjunto para erradicar o flagelo do antissemitismo e outras formas de discriminação e perseguição religiosa”.
“Construamos juntos um mundo mais fraterno e justo, educando os jovens a ter um coração aberto a todos na lógica da fraternidade, do perdão e da paz”, concluiu.
Proclamado oficialmente em novembro de 2005, o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, que se assinala na segunda-feira, comemora a libertação pelas tropas soviéticas, em 1945, do campo de concentração e extermínio nazi alemão de Auschwitz-Birkenau.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no local entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
Na segunda-feira, uma cerimónia oficial com a presença de cerca de meia centena de sobreviventes e 54 delegações internacionais assinalará o 80.º aniversário da libertação do local.
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