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GD CHAVES E AS RAZÕES DA DESCIDA: ANÁLISE DE JOSÉ AUGUSTO SANTOS

A época 2023/2024 e as razões da descida do Grupo Desportivo de Chaves. Análise de José Augusto Santos.

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Anunciada por muitos quando José Gomes foi contratado e na sequência do que tinha acontecido na época anterior quando esteve ao serviço do Marítimo. A equipa jogava bem e perdia, o plantel dava a esperança e ilusão de que poderia cumprir o grande objetivo da época que passava pela manutenção. Perder em casa com o Braga e com o surpreendente Moreirense pode encarar-se como normal, mas perder por 5-0 em Faro e 4-1 no Bessa fez os responsáveis flavienses optarem pela troca de José Gomes por Moreno Teixeira que tinha saído do Vitória.

A aventura do mister Moreno não poderia começar melhor, empate com o Estrela e vitórias sobre o Arouca e Gil Vicente. A derrota e consequente eliminação da Taça de Portugal na visita a Canelas e por 5-0 em Guimarães evidenciou carências da equipa na sua organização defensiva que impediram um rendimento regular e constante refletido em sucessivos maus resultados muitos deles depois de boas exibições quase sempre atraiçoadas por erros motivados pela pressão, ansiedade e aqui e ali falta de qualidade individual. Nem quando a equipa se organizava com um sistema de 3 centrais conseguia ser sólida e a passagem para uma linha defensiva de 4 no jogo realizado no Estádio do Dragão deu a ideia de melhoria, que aconteceu, mas não foi suficiente para a equipa ser capaz de se manter os noventa minutos sem sofrer golos. Só por 4 vezes a equipa não sofreu golos esta época.

Moreno procurou tornar a equipa mais competitiva, e a Direção fez um forte investimento na abertura do mercado de janeiro. A aquisição de Dário Essugo e Raphael Guzzo procurou ter outra qualidade numa zona tão importante como é o meio-campo e na linha defensiva ser mais segura com Júnior Piús e o regresso de Vasco Fernandes. A equipa melhorou, mas as marcas no aspeto psicológico da longa sequência de maus resultados, a pressão de não conseguir sair de baixo da linha de água, levaram a vários jogadores, individualmente, cometerem erros incríveis que foram penalizados com a perda de pontos decisivos para poder fazer aproximação aos lugares fora da zona de despromoção.

Um plantel que tem o pior registo defensivo do campeonato com 72 golos sofridos e o pior registo ofensivo com 31 golos marcados, torna impossível a concretização de qualquer objetivo. Em casa o Chaves foi a equipa com mais derrotas, as tradicionais dificuldades dos adversários em “passar” no estádio Eng. Manuel Branco Teixeira esta época transformaram-se em fragilidades e oportunidades para os adversários vencerem fora de portas. Nunca foi imagem dos Valentes Transmontanos “para cá do Marão mandam os que cá estão”.

Utilizar num campeonato, os centrais Ygor Nogueira, Steven Vitoria, Cafú Phete, Vasco Fernandes, Bruno Rodrigues, Júnior Pius e quando atuou com 3 centrais até Sandro Cruz foi utilizado como central sobre a esquerda, é sintomático das dificuldades de José Gomes/Moreno em conseguirem ter uma dupla estável que pudesse dar consistência e confiança a toda a equipa e esse facto foi fundamental para a época menos conseguida do Chaves. No meio-campo, a equipa em muitos jogos, conseguiu ser dominadora e controladora, aqui e ali faltou, que um jogador como Ruben Ribeiro e/ou Raphael Guzzo, que representaram um forte investimento do clube, tivessem sido mais decisivos na ligação ao ataque, porque tem capacidade para isso, são dois fantásticos jogadores, mas só a espaços o conseguiram fazer. Foram vítimas quando se esperava que fossem solução.

No ataque a equipa foi muito dependente de Héctor Hernández que fez excelente época, com 15 golos, mas estranhei a pouca utilização de um bom jogador como é Jô Batista e nos corredores laterais a estrutura falhou na escolha dos jogadores, que seriam importantes na forma como o Chaves queria jogar em transição o que levou em vários jogos Moreno a utilizar Ruben Ribeiro como ala, ele que tem melhor rendimento no corredor central e João Correia que não é tão determinante como, quando joga a lateral, de trás para a frente. O técnico flaviense foi “obrigado” a tomar estas opções porque Benny Sousa, Paulo Victor e Leandro Sanca nunca foram constantes e decisivos como poderiam ser atendendo à forma como o Chaves quis atuar em muitos jogos. Poderão queixar-se da falta de sequência de jogos a titular, mas na minha opinião foram eles com o seu rendimento irregular que hipotecaram a possibilidade de terem mais oportunidades. Comparar o rendimento destes 3 jogadores com João Baxti, Luther Singh e Juninho, que na época anterior eram os alas dá para perceber as diferenças desta para a época anterior em que o Chaves se classificou num brilhante 7º lugar.

Individualmente os flavienses demonstraram ter alguns jogadores de excelente nível e os melhores na época para mim foram o guarda-redes Hugo Souza, mesmo não sendo tão determinante como era esperado atendendo a que já foi internacional pela seleção brasileira. Passou uma fase menos boa que o levou a perder a titularidade para Rodrigo Moura, substituição que se revelou pouco conseguida. O ponto alto da época foi o jogo no Estádio da Luz quando defendeu 3 grandes penalidades. João correia foi o melhor da defesa e continua a ser um jogador determinante para o clube, a saída de Bruno Langa nunca foi colmatada apesar de Sandro Cruz também ter feito uma época regular. Kelechi no meio-campo foi quem mais se aproximou do bom rendimento. Raphael Guzzo que é um excelente jogador não foi tão influente como eu pensei que pudesse ter sido e a equipa saiu penalizada por esse menor fulgor.

No centro da defesa e no ataque foi onde vislumbramos mais desilusões, os alas já o referi estiveram longe de terem sido os jogadores capazes de desequilibrar e ganhar alguns jogos e só atribuo nota positiva à grande época que fez o Hector Hernández mesmo sem ter sido servido como poderia pelos jogadores dos corredores, ele que é um exímio cabeceador. Diria que só João Correia o compreendeu, porque foi dos jogadores com mais cruzamentos da nossa Liga.

A equipa Técnica de José Gomes pode queixar-se de falta de tempo para o trabalho desenvolvido poder surtir efeito. Nunca se sabe o que poderia ter acontecido se a SAD não o tem despedido numa fase tão precoce da época. Mas a realidade é que no futebol português um início de época com resultados tão fracos dá despedimento.

Moreno não conseguiu impor as suas ideias, não resolveu no mercado de janeiro as lacunas da equipa e nunca conseguiu criar um forte espírito de grupo que fosse capaz de inverter as incidências negativas de alguns jogos em que a equipa realizou boas exibições e perdeu e acrescentar a capacidade que era necessária para conseguir reagir a essas adversidades e sair dos lugares de descida. Tornou a equipa competitiva, taticamente testou várias soluções que não resultaram por evidentes lacunas no plantel. Não está em causa a sua qualidade como treinador, já demonstrada em Guimarães, mas esta época não foi capaz e não teve quem o acompanhasse como é demonstrado pela ingenuidade do recente episódio de Kelechi ao telemóvel no banco dos suplentes.

Na minha opinião o plantel vai sofrer uma grande reestruturação e o Chaves terá de se preparar melhor para a exigência da competitiva Liga de Honra onde vai encontrar, Marítimo Paços de Ferreira, Vizela, Tondela, U. Leiria, Torrense e Penafiel que tem como objetivo a subida de divisão…a não ser que de forma administrativa possa continuar na I Liga, o que seria uma ótima noticia para a região e para os dedicados e fervorosos adeptos do clube.

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