INTERNACIONAL
MAIS DE 1,1 MILHÕES DE PESSOAS PRECISAM DE AJUDA ALIMENTAR URGENTE EM MADAGÁSCAR
Mais de 1,1 milhões de pessoas no sul de Madagáscar precisam urgentemente de ajuda alimentar, perante uma crise que se agrava rapidamente após quatro anos de seca, alertaram hoje especialistas citados pela Associated Press (AP).
Mais de 1,1 milhões de pessoas no sul de Madagáscar precisam urgentemente de ajuda alimentar, perante uma crise que se agrava rapidamente após quatro anos de seca, alertaram hoje especialistas citados pela Associated Press (AP).
Cerca de 700 mil pessoas estão já a receber ajuda alimentar e é necessária mais assistência de emergência, segundo o Programa Alimentar Mundial (PAM), que está a trabalhar com o Governo malgaxe e com outras agências humanitárias.
“As colheitas falham constantemente, por isso as pessoas não têm nada para colher e não têm nada para renovar o seu ‘stock’ alimentar”, disse a responsável pela comunicação do PAM em Madagáscar, Alice Rahmoun, citada pela agência de notícias norte-americana.
Mais de 90% da população da região do “sul profundo” de Madagáscar vive abaixo do limiar da pobreza, o que deixa as famílias extremamente vulneráveis, segundo a Amnistia Internacional.
“Todas as agências humanitárias estão a trabalhar juntas para tentar evitar que esta crise se transforme em fome”, disse o vice-representante da Unicef em Madagáscar, Jean-Benoît Manhes, à AP.
“Mas estamos a testemunhar uma deterioração que requer um aumento dos recursos”, alertou.
“Para dar uma ideia, nos meses de julho e agosto 14.000 crianças foram tratadas contra desnutrição aguda grave. Normalmente esse é o número de crianças que tratamos num ano inteiro”.
Quatro anos consecutivos de seca destruíram culturas e esgotaram as reservas alimentares nas comunidades agrícolas do “Grande Sul” de Madagáscar, explicou Manhes.
Os agricultores do sul de Madagáscar estão habituados a épocas secas, normalmente de maio a outubro, mas este ano está a ser muito pior, disseram alguns à AP.
O solo está tão duro que é difícil plantar milho, arroz ou mandioca, culturas que tradicionalmente se iniciam em novembro.
“É impossível cultivar aqui neste momento”, disse Nathier Ramanavotse, 68 anos, presidente da Câmara de Maroalomainty, no extremo sul de Madagáscar.
Segundo o autarca, “não há outro trabalho para fazer dinheiro” e muitas pessoas comeram as suas sementes porque é a única coisa comestível que têm em casa. “É uma tentação insuportável quando se tem fome”.
Muitas famílias viraram-se para soluções de último recurso para sobreviver, como comer folhas de cato ou tubérculos.
“Estamos a comer coisas de que nem sabemos os nomes. Para ter água temos de escavar no rio Mandrare, que está muito seco no momento, e dá muito trabalho”, disse outra residente, Liafara, que tem apenas um nome.
Mãe de cinco filhos, Liafara, 37 anos, diz que é difícil esticar a comida para alimentar a família.
“Se tivermos um bocadinho de dinheiro, compramos arroz para comer à noite. Cozinhamos com muita água para partilhar entre todos”, contou. “Mas muitas vezes à noite não conseguimos dormir. Damos voltas na cama porque temos fome”.
A família vive em Amboasary-Atsimo, epicentro da crise alimentar onde 14.000 pessoas vivem em condições catastróficas, segundo as últimas estatísticas do PAM.
“Os meus filhos, como todos os da aldeia, estão muito fracos. Neste momento já não vão à escola porque não conseguem concentrar-se devido à fome. Vendemos o que temos em casa para comer. Já não temos mobília. Até já vendemos a porta de casa para obter algum dinheiro”, disse.
Estima-se que mais de 500.000 crianças com menos de cinco anos no extremo sul de Madagáscar venham a sofrer de desnutrição aguda até abril de 2022, segundo o Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar. Dessas, mais de 110.000 já sofrem de desnutrição aguda severa e precisam de ação urgente.
A organização não-governamental brasileira Fraternidade Sem Fronteiras instalou 14 centros nutricionais na região de Androy para alimentar e dar ajuda de emergência a crianças desnutridas.
“A situação não está a melhorar de todo”, disse Felly Zihal, coordenador do programa do grupo no sul de Madagáscar. “Há casos de crianças que praticamente já não têm carne. Já só têm o esqueleto e a pele”.
INTERNACIONAL
BIBLIOTECA SOBRE O NAZISMO E O HOLOCAUSTO ACESSÍVEL NA INTERNET DESDE HOJE
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto, com sede em Londres, reúne centenas de milhares de documentos originais sobre a situação dos judeus europeus antes de 1939, o regime nazi e o Holocausto.
A biblioteca decidiu tornar acessível hoje, no 80.º aniversário da libertação de Auschwitz, parte da sua coleção, nomeadamente fotografias, cartas e testemunhos que atestam os crimes nazis no campo da Polónia (https://wienerholocaustlibrary.org/).
“A necessidade de defender a verdade tornou-se ainda mais urgente devido ao ressurgimento do antissemitismo e de outras formas de desinformação e ódio”, explicou Toby Simpson, diretor da biblioteca, citado num comunicado.
“Ao disponibilizar gratuitamente uma grande quantidade de provas em linha [‘online’], estamos a garantir que os arquivos históricos são acessíveis a todos”, afirmou, segundo a agência francesa AFP.
Entre os mais de 150.000 documentos disponíveis em linha pela primeira vez, encontram-se numerosas fotografias tiradas aquando da libertação do campo de Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945.
Também ficaram acessíveis documentos utilizados nos julgamentos de Nuremberga, durante os quais os principais dirigentes do Terceiro Reich, o regime nazi alemão de Adolf Hitler, foram julgados.
A biblioteca publica também cerca de 500 folhetos e livros de propaganda antifascista, distribuídos na Alemanha na década de 1930 e disfarçados de anúncios de champôs ou livros de receitas, para escapar à vigilância do regime nazi.
Revela também documentos que mostram a ascensão do fascismo no Reino Unido antes e depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
“Numa altura em que figuras de extrema-direita ameaçam a Europa e não só, estas coleções revelam não só as origens destas ideologias perigosas, mas também as motivações e estratégias daqueles que, ao longo da História, as mantiveram à distância”, disseram os responsáveis pela biblioteca.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto foi fundada na década de 1930 por Alfred Wiener, que fez campanha contra o nazismo nas décadas de 1920 e 1930.
Depois de fugir da Alemanha para os Países Baixos, em 1933, começou a recolher provas da perseguição dos judeus.
Continuou o seu trabalho a partir do Reino Unido, onde se exilou pouco antes do início da guerra e onde a biblioteca ainda se encontra, no centro de Londres.
Sobreviventes de Auschwitz, acompanhados pelo Presidente polaco, Andrzej Duda, depositaram flores hoje de manhã em frente ao Muro da Morte do campo, onde os prisioneiros eram fuzilados.
Alguns usavam lenços às riscas azuis e brancas, simbolizando os antigos uniformes prisionais. Ao pé do muro, acenderam velas em memória dos mortos e tocaram o muro com uma mão, em silêncio.
A cerimónia, sob o portão de entrada de Birkenau, deverá começar às 16:00 locais (15:00 em Lisboa) e contará com a presença de 54 delegações internacionais, algumas das quais lideradas por chefes de Estado, mas o foco estará nos sobreviventes, segundo a organização.
“Este ano, estamos a centrar-nos nos sobreviventes e na sua mensagem”, disse à AFP o porta-voz do museu de Auschwitz, Pawel Sawicki.
“Não haverá discursos de políticos”, acrescentou.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no campo entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
INTERNACIONAL
PAPA DIZ QUE HOLOCAUSTO NÃO PODE SER ESQUECIDO OU NEGADO
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
“Amanhã é o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, 80 anos após a libertação do campo de concentração de Auschwitz. O horror do extermínio de milhões de judeus e de pessoas de outras religiões durante esses anos não pode ser esquecido nem negado”, afirmou o Papa no final da oração do Angelus dominical.
Lembrando que, durante esses anos, foram também mortos “muitos cristãos, muitos mártires”, Francisco apelou a que “todos trabalhem em conjunto para erradicar o flagelo do antissemitismo e outras formas de discriminação e perseguição religiosa”.
“Construamos juntos um mundo mais fraterno e justo, educando os jovens a ter um coração aberto a todos na lógica da fraternidade, do perdão e da paz”, concluiu.
Proclamado oficialmente em novembro de 2005, o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, que se assinala na segunda-feira, comemora a libertação pelas tropas soviéticas, em 1945, do campo de concentração e extermínio nazi alemão de Auschwitz-Birkenau.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no local entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
Na segunda-feira, uma cerimónia oficial com a presença de cerca de meia centena de sobreviventes e 54 delegações internacionais assinalará o 80.º aniversário da libertação do local.
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