INTERNACIONAL
OLIGARCAS AMIGOS DE PUTIN PROTEGEM-SE DE SANÇÕES INTERNACIONAIS
Os oligarcas russos Boris e Arkady Rotenberg, amigos de infância do Presidente Vladimir Putin e sob sanções económicas internacionais desde 2014, conseguiram proteger a riqueza com ajuda de um primo da rainha Isabel II, foi hoje revelado.
Os oligarcas russos Boris e Arkady Rotenberg, amigos de infância do Presidente Vladimir Putin e sob sanções económicas internacionais desde 2014, conseguiram proteger a riqueza com ajuda de um primo da rainha Isabel II, foi hoje revelado.
A informação consta nos chamados “Documentos dos Rotenberg”, uma investigação do consórcio de jornalistas OCCRTP, com base numa fuga de informação de mais de 50.000 documentos e de e-mails entre 2013 e 2020, obtidos pelo órgão de comunicação social independente russo IStories e partilhados por 15 outros jornais, televisões, rádios e agências noticiosas também independentes.
Os dois irmãos, que cresceram em Leninegrado, conheceram Putin quando frequentavam juntos aulas de artes marciais e a relação entre os três perdurou à medida que crescia o poder do antigo agente do KGB (antigo nome dos serviços secretos russos) e que este assumia o cargo de chefe de Estado.
Segundo o consórcio, as fortunas dos dois irmãos também cresceram com contratos lucrativos que, embora sancionados pela anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia, em 2014, lhes valeram uma riqueza conjunta de cerca de 4.900 milhões de dólares (4.450 milhões de euros), segundo a revista Forbes.
A riqueza de Boris e Arkady Rotenberg, segundo a investigação, foi protegida por um empresário e por um antigo diplomata russos com vínculos ao príncipe Michael de Kent, primo da rainha Isabel II, a soberana britânica que morreu a 22 de setembro de 2022, aos 96 anos.
Essa riqueza tinha de ser protegida e, no meio das sanções e de vastos ativos estrangeiros em risco, os irmãos procuraram afastar as fortunas dos reguladores ocidentais. Os documentos divulgados revelam que uma figura foi fundamental para ajudar os irmãos Rotenberg a proteger a sua fortuna.
Trata-se do empresário moscovita Maxim Viktorov, 50 anos, cuja empresa e escritório de advogados russos desempenharam um papel fundamental no plano para salvar os investimentos dos dois irmãos, como as ações no estádio Helsinki Halli.
A família Rotenberg utilizou várias técnicas para movimentar a sua fortuna “como peças de xadrez” em todo o mundo, abrindo contas bancárias à medida que outras eram encerradas e estruturas de propriedade que se transformavam em resposta a novas sanções ou a questões colocadas pelos reguladores, refere a investigação.
Viktorov recorreu a prestadores de serviços empresariais de confiança para transferir as empresas dos Rotenberg para “jurisdições menos exigentes”, desde as ilhas Virgens até Chipre.
Na Rússia, a sua empresa Evocorp Management geria alguns dos bens dos irmãos, depois de estes terem sido colocados sob o controlo de fundos de investimento ultrassecretos que Viktorov apresentava como seus, segundo a investigação.
No estrangeiro, a empresa ILS Legal Services, registada no Panamá, é indicada como tendo trabalhado com Viktorov.
A fuga de informação revela também como um conjunto de terceiras pessoas, incluindo um homem que se diz ser o antigo guarda-costas de Boris Rotenberg e uma esteticista de 36 anos, “que parece ser a parceira romântica secreta de Arkadi Rotenberg, assumiram a propriedade de alguns dos ativos valiosos dos irmãos”.
Viktorov afirmou que nem ele nem nenhuma das suas empresas violaram quaisquer leis e descreveu a investigação como imperfeita.
Viktorov trabalhou para o KGB na década de 1990. Posteriormente, começou a prestar serviços jurídicos a empresários e funcionários públicos. Em 2012, tornou-se conselheiro do ministro da Defesa. Nessa altura, já conhecia o círculo de Putin. No trabalho para os Rotenberg, Viktorov recorreu frequentemente aos seus contactos no estrangeiro.
Em 2018, o Fundo de Programas de Investimento de Viktorov tornou-se acionista da empresa britânica de tecnologia RemitRadar, onde o empresário Sergey Markov, um antigo diplomata soviético, e o príncipe Michael de Kent, sobrinho-neto do imperador russo Nicolau II, que atuou como “embaixador” da empresa, também tinham participações, de acordo com a investigação.
Segundo o consórcio, o príncipe britânico “distanciou-se dos seus laços com o regime de Putin após a invasão da Ucrânia”, mas continua ligado à RemitRadar.
INTERNACIONAL
BIBLIOTECA SOBRE O NAZISMO E O HOLOCAUSTO ACESSÍVEL NA INTERNET DESDE HOJE
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto, com sede em Londres, reúne centenas de milhares de documentos originais sobre a situação dos judeus europeus antes de 1939, o regime nazi e o Holocausto.
A biblioteca decidiu tornar acessível hoje, no 80.º aniversário da libertação de Auschwitz, parte da sua coleção, nomeadamente fotografias, cartas e testemunhos que atestam os crimes nazis no campo da Polónia (https://wienerholocaustlibrary.org/).
“A necessidade de defender a verdade tornou-se ainda mais urgente devido ao ressurgimento do antissemitismo e de outras formas de desinformação e ódio”, explicou Toby Simpson, diretor da biblioteca, citado num comunicado.
“Ao disponibilizar gratuitamente uma grande quantidade de provas em linha [‘online’], estamos a garantir que os arquivos históricos são acessíveis a todos”, afirmou, segundo a agência francesa AFP.
Entre os mais de 150.000 documentos disponíveis em linha pela primeira vez, encontram-se numerosas fotografias tiradas aquando da libertação do campo de Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945.
Também ficaram acessíveis documentos utilizados nos julgamentos de Nuremberga, durante os quais os principais dirigentes do Terceiro Reich, o regime nazi alemão de Adolf Hitler, foram julgados.
A biblioteca publica também cerca de 500 folhetos e livros de propaganda antifascista, distribuídos na Alemanha na década de 1930 e disfarçados de anúncios de champôs ou livros de receitas, para escapar à vigilância do regime nazi.
Revela também documentos que mostram a ascensão do fascismo no Reino Unido antes e depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
“Numa altura em que figuras de extrema-direita ameaçam a Europa e não só, estas coleções revelam não só as origens destas ideologias perigosas, mas também as motivações e estratégias daqueles que, ao longo da História, as mantiveram à distância”, disseram os responsáveis pela biblioteca.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto foi fundada na década de 1930 por Alfred Wiener, que fez campanha contra o nazismo nas décadas de 1920 e 1930.
Depois de fugir da Alemanha para os Países Baixos, em 1933, começou a recolher provas da perseguição dos judeus.
Continuou o seu trabalho a partir do Reino Unido, onde se exilou pouco antes do início da guerra e onde a biblioteca ainda se encontra, no centro de Londres.
Sobreviventes de Auschwitz, acompanhados pelo Presidente polaco, Andrzej Duda, depositaram flores hoje de manhã em frente ao Muro da Morte do campo, onde os prisioneiros eram fuzilados.
Alguns usavam lenços às riscas azuis e brancas, simbolizando os antigos uniformes prisionais. Ao pé do muro, acenderam velas em memória dos mortos e tocaram o muro com uma mão, em silêncio.
A cerimónia, sob o portão de entrada de Birkenau, deverá começar às 16:00 locais (15:00 em Lisboa) e contará com a presença de 54 delegações internacionais, algumas das quais lideradas por chefes de Estado, mas o foco estará nos sobreviventes, segundo a organização.
“Este ano, estamos a centrar-nos nos sobreviventes e na sua mensagem”, disse à AFP o porta-voz do museu de Auschwitz, Pawel Sawicki.
“Não haverá discursos de políticos”, acrescentou.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no campo entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
INTERNACIONAL
PAPA DIZ QUE HOLOCAUSTO NÃO PODE SER ESQUECIDO OU NEGADO
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
“Amanhã é o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, 80 anos após a libertação do campo de concentração de Auschwitz. O horror do extermínio de milhões de judeus e de pessoas de outras religiões durante esses anos não pode ser esquecido nem negado”, afirmou o Papa no final da oração do Angelus dominical.
Lembrando que, durante esses anos, foram também mortos “muitos cristãos, muitos mártires”, Francisco apelou a que “todos trabalhem em conjunto para erradicar o flagelo do antissemitismo e outras formas de discriminação e perseguição religiosa”.
“Construamos juntos um mundo mais fraterno e justo, educando os jovens a ter um coração aberto a todos na lógica da fraternidade, do perdão e da paz”, concluiu.
Proclamado oficialmente em novembro de 2005, o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, que se assinala na segunda-feira, comemora a libertação pelas tropas soviéticas, em 1945, do campo de concentração e extermínio nazi alemão de Auschwitz-Birkenau.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no local entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
Na segunda-feira, uma cerimónia oficial com a presença de cerca de meia centena de sobreviventes e 54 delegações internacionais assinalará o 80.º aniversário da libertação do local.
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