ECONOMIA & FINANÇAS
REVOLUT VAI INSTALAR CAIXAS ATM EM PORTUGAL E ESPANHA
A Revolut vai passar a ter caixas ATM, com as primeiras 50 a serem instaladas nas próximas semanas em Espanha, a que se seguirá a expansão para Portugal, Itália e Alemanha em 2026.

A Revolut vai passar a ter caixas ATM, com as primeiras 50 a serem instaladas nas próximas semanas em Espanha, a que se seguirá a expansão para Portugal, Itália e Alemanha em 2026.
As primeiras caixas ATM da Revolut, um banco digital, estarão em teste e disponíveis já nos próximos dias, entre 4 e 8 de junho, no recinto do festival Primavera Sound, que decorre em Barcelona. Depois, nas semanas seguintes, serão instaladas 50 ATM nas cidades de Madrid e Barcelona, segundo informação divulgada pelo banco.
Após esta primeira fase, outros 150 terminais para levantamento de dinheiro e outros serviços serão instalados em Espanha, com o objetivo de chegar a um total de 200 ATM no país, em Madrid, Barcelona, Valência e Málaga. A expansão para outros três países está prevista para 2026, nomeadamente, Portugal, Itália e Alemanha.
A Revolut fez “uma análise dos países em que o dinheiro [vivo] tem mais penetração” para definir estes mercados iniciais de instalação de ATM, explicou à Lusa o diretor de Crescimento para o Sul da Europa do banco, Ignacio Zunzunegui.
Espanha, com cinco milhões de clientes da Revolut (é o segundo mercado europeu do banco, a seguir a França) e com 60% das transações no país a serem feitas em dinheiro, foi considerado como “mercado piloto ideal” para as caixas ATM, o primeiro grande serviço físico do banco.
“Identificámos também a Alemanha como outro mercado importante de ‘cash’ [dinheiro vivo], assim como Portugal e Itália”, disse Ignacio Zunzunegui, que explicou que “há duas componentes” para a definição desta estratégia para a instalação e expansão dos ATM da marca: “a penetração de cash” e “a penetração da Revolut no mercado”.
“Portugal é um dos mercados em que temos maior penetração, cerca de 16 a 17% da população total. Se pensarmos em termos de adultos, é ainda maior. Portanto, é um dos seguintes mercados óbvios para lançar este negócio”, acrescentou, em declarações à Lusa na terça-feira, em Barcelona. A intenção é que “ao longo de 2026” os ATM Revolut cheguem a Portugal, em princípio, a Lisboa e ao Porto, as cidades com maior presença de clientes do banco e também com grande movimento de turistas.
Os ATM Revolut permitirão, entre outras coisas, levantar dinheiro sem comissões a qualquer cliente do banco, independentemente da sua nacionalidade ou país de residência, assim como pedir a emissão imediata de um cartão físico da marca. Os clientes da Revolut poderão ainda levantar dinheiro numa divisa diferente da conta em que têm saldo, com a mesma taxa de câmbio da aplicação do banco e sem comissões acrescidas.
“Pensamos que a tendência continuará a ser digitalizar as transações. Mas ainda estamos muito longe do desaparecimento do dinheiro vivo, que continuará a usar-se em muitas transações”, disse Ignacio Zunzunegui, que acrescentou que a Revolut decidiu prestar mais este serviço aos clientes, a par de querer promover “a componente muito importante da confiança”, para que “os portugueses ou os espanhóis vejam que não é só uma app”.
A Revolut vai lançar a sucursal portuguesa durante este verão e pretende afirmar-se como “banco principal” dos clientes nacionais, disse à Lusa o diretor de Crescimento para o Sul da Europa, Ignacio Zunzunegui.
“Ao longo do verão lançamos a licença bancária e, depois disso, a nossa intenção é lançar também a integração com a rede Multibanco e, ao longo de 2026, outros produtos mais tradicionais que um cliente espera de um banco, com o objetivo de passarmos a ser o banco principal [dos clientes]”, disse Ignacio Zunzunegui, em declarações na terça-feira à Lusa, em Barcelona.
A sucursal portuguesa da Revolut está anunciada desde março do ano passado e o atraso em relação à intenção inicial não se deveu às entidades de regulação portuguesas, com quem o banco tem “uma relação e uma colaboração muito boa”, mas “a uma questão de prioridades internas”, segundo Ignacio Zunzunegui.
“Estamos em mais de 39 países e queremos lançar uma licença bancária em todos os principais mercados e isso implica mover ou atrasar [lançamentos] em alguns países, atendendo a diversas necessidades”, afirmou.
Além da licença bancária em Portugal, com a qual os clientes do banco passarão a poder ter um IBAN português, a Revolut pretende “ter um produto mais local”, adaptado ao consumidor nacional, nomeadamente, a integração na rede Multibanco e na rede MBWay. “E depois iremos trabalhando para lançar produtos mais convencionais num banco”, disse Ignacio Zunzunegui, que referiu mais produtos de crédito ou novos produtos de poupança.
A Revolut tem atualmente mais 1,5 milhões de clientes em Portugal e pretende chegar aos dois milhões ainda este ano. Pretende ainda que o mercado nacional se torne no de maior penetração de contas com domiciliação de ordenados do banco, assim que forem superadas duas “barreiras muito grandes” com o lançamento da sucursal: a não integração na rede Multibanco e a inexistência de um IBAN local.
“Pensamos que superando estas barreiras temos muitos argumentos para passarmos a ser a conta principal dos clientes. Para mim, Portugal é, a par da Irlanda e mais um ou dois países, o país que tem maior potencial para demonstrar que a Revolut pode ser uma das top 3 entidades financeiras do mercado”, afirmou Ignacio Zunzunegui, que disse falar em termos de número de clientes e num prazo de três a quatro anos. “Mas também ao nível de depósitos iremos trabalhando nesse sentido”, acrescentou.
A Revolut não revelou valores de investimento estimados para Portugal, nem previsões para novos postos de trabalho no país.
O banco, que se autodefine como “superapp financeira”, tem mais de 55 milhões de clientes e mais de 10 mil trabalhadores em todo o mundo. A Revolut opera atualmente em Portugal através da sucursal da Lituânia, ao abrigo do regime de livre prestação de serviços. Segundo explicou a Revolut, a sucursal portuguesa ficará inicialmente dependente do Revolut Bank UAB (o banco da Revolut na Lituânia), mas o objetivo é que passe a ficar dependente do banco francês quando este estiver operacional.
Além de Portugal, também os mercados de Itália, Espanha, Irlanda e Alemanha ficarão dependentes do banco francês. Os depósitos de clientes residentes em Portugal na Revolut são atualmente cobertos pelo fundo de garantia de depósitos lituano e o mesmo se continuará a passar quando a Revolut abrir a sucursal de Portugal e esta estiver dependente do Revolut Bank UAB, disse à Lusa, em maio, fonte oficial da entidade financeira.
