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PALHAÇOS D’OPITAL LEVAM HÁ 10 ANOS HUMOR E AFETO A ADULTOS INTERNADOS EM HOSPITAIS

Humor e afeto chegam a salas de espera, corredores e enfermarias de hospitais pelas músicas, piadas e narizes dos Palhaços d’Opital, um projeto que há 10 anos cria momentos a pensar em adultos e seniores em contexto hospitalar.

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Humor e afeto chegam a salas de espera, corredores e enfermarias de hospitais pelas músicas, piadas e narizes dos Palhaços d’Opital, um projeto que há 10 anos cria momentos a pensar em adultos e seniores em contexto hospitalar.

Num dia de inverno e de humor cinzento no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, distrito do Porto, o frio dos corredores foi cortado pelo som de dois cavaquinhos acompanhado pela voz da Dra. Limonete e do Dr. Risotto, doutores diferentes dos outros doutores.

A associação Palhaços d’Opital nasceu da vontade de Jorge e Isabel Rosado, à altura professores, de “fazer algo mais e diferente” por quem já deu muito.

“Olhámos para o ambiente hospitalar e entendemos que a maioria das pessoas que estão nos hospitais, que mais sobrecarregam o Serviço Nacional de Saúde e que tem taxas de internamento mais prolongadas, são os seniores”, explicou a presidente da Palhaços d’Opital, Isabel Rosado.

Vai daí, nasceu uma “organização de artistas que criam performances artísticas pensadas e estruturadas para o ambiente hospitalar, em particular para um público adulto e sénior”, um projeto pioneiro que celebra 10 anos no dia 12 de fevereiro com uma gala no Coliseu do Porto.

Numa salinha escura do Hospital Pedro Hispano, Jorge Rosado (54 anos) e Marta Garcia Cruz (22 anos) despem-se e vestem o Dr. Risotto e a Dra. Limonete. Cores garridas em contraste com o azul e cinzento hospitalar, batas brancas, máscaras e, como toque final, o nariz vermelho, que lhes confere a cédula profissional de Doutores Palhaços d’Opital.

Pelos corredores começam a tocar e a cantar “Dunas”, dos GNR. Primeiro, o silêncio da plateia, surpreendida, depois, umas palmas a marcar o compasso, um murmurinho e lá arrancam dois pés de dança a alguns utentes.

“Aqui é sempre fácil, as pessoas são super simpáticas. É palmas, é vídeos, é fotografias, as pessoas são super generosas, é sempre um prazer vir aqui”, confessou à Lusa o Dr. Risotto.

“É sempre um desafio, não é Risoto? Nós abraçámos esse desafio com muita vontade. Se as pessoas são super recetivas num ambiente que não é muito óbvio, ainda nos dá mais força”, destacou a Drª. Limonete.

Depois vem a pergunta sobre como se faz rir num sítio associado à dor. A pergunta é séria e os doutores despem o nariz. A resposta é dada pelo Jorge e pela Marta.

“Eu, pessoalmente, acho que a arte faz sentido em todos os contextos. Nestes contextos complexos mais sentido faz. As pessoas estão aqui com uma energia muito pesada, que não ajuda nada a recuperar e depois vemos que naquele momento ficam mais bem dispostas e os próprios profissionais de saúde nos dizem que este impacto se espalha durante o dia (…), encontram uma esperança”, salientou Jorge.

Marta realça, igualmente, a mudança de humor dos doentes: “Dizem que as pessoas têm um discurso mais negativo e, aquando da nossa passagem, ficam mais alegres e querem cantar”, disse.

E como lidam com o que veem aqui? “É uma excelente pergunta. Eu sou um otimista e gosto de guardar o lado bom das coisas e vou daqui sempre grato. Ver pessoas tristes e em baixo e vê-las a cantar e felizes, são momentos que mexem connosco”, confessou Jorge.

“Estamos protegidos pelo que é a nossa personagem, estando com o nariz é uma coisa, sem o nariz é outra, é quase um míni escudo”, admitiu Marta.

Os Palhaços d’Opital dão ‘consulta’ no Hospital Pedro Hispano, no Centro Hospitalar Baixo Vouga, no Hospital Distrital da Figueira da Foz, no Centro Hospitalar Tondela Viseu, no IPO de Coimbra, na Unidade Local de Saúde de Matosinhos e no Hospital de S. João (Porto).

“Temos cinco profissionais a tempo inteiro, com mais de 250 horas de formação por ano, porque, para assegurar programação regular, só com profissionais”, explicou Isabel Rosado, que destacou o impacto das visitas destes ‘doutores’ durante a pandemia.

“[As visitas] não pararam durante a pandemia, havia ainda mais sede da nossa presença, tanto pelos utentes como pelos profissionais de saúde. Os utentes sentiam-se muito abandonados, as famílias não os podiam visitar (…) e é muito normal em pessoas com alguma idade, ao fim de alguns dias de internamento, acharem que a família os abandonou e a nossa ação tinha um impacto muito superior ao que é normal”, descreveu.

E que dizem os outros doutores destas visitas? “Num contexto onde há patologia muito pesada, e muita patologia oncológica, tudo o que sirva para animar e humanizar os serviços é sempre bem-vindo, divertir um pouco os doentes no meio deste mal-estar”, realçou à Lusa o diretor do Serviço de Urologia do Pedro Hispano, Rui Priscos.

A ronda pelas salas, enfermarias e corredores do Hospital Pedro Hispano continuou, e, quase no final, chegou “aquilo que faz valer a pena”, a validação por parte dos utentes.

“Depois de ano e meio que o meu marido faleceu foi a primeira vez que cantei e estou muito feliz por vocês terem vindo aqui”, ouviram os doutores de Beatriz Guia.

Até os narizes sorriram.

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NACIONAL

PARLAMENTO CHUMBA PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DO “CRIME DE ECOCÍDIO”

As propostas de introdução do crime de ecocídio no Código Penal foram chumbadas esta sexta-feira no parlamento, com os votos dos partidos da direita e do PCP, que consideraram que os crimes ambientais já estão previstos.

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As propostas de introdução do crime de ecocídio no Código Penal foram chumbadas esta sexta-feira no parlamento, com os votos dos partidos da direita e do PCP, que consideraram que os crimes ambientais já estão previstos.

O projeto de lei do PAN que prevê o crime de ecocídio foi chumbado pelo PSD, Chega, IL, CDS e PCP, enquanto a proposta do Livre teve o chumbo adicional do PS.

No plenário de hoje, foi também debatido o projeto de lei do BE que reconhece o estatuto de refugiado climático, tendo sido chumbado pelo PSD, PS, Chega, IL e abstenção do PCP.

Já os projetos de lei para criar o estatuto de refugiado climático do PAN, para estabelecer o regime jurídico da mobilidade ambiental (PS) e de conceder proteção subsidiária a migrantes sujeitos a eventos climáticos extremos (Livre) não foram votados e baixaram à comissão parlamentar para um debate na especialidade.

Os projetos para a criação do crime de ecocídio no Código Penal previam penas que os deputados do Chega, CDS e do PSD consideraram desproporcionais, enquanto o PS recordou que a figura do estatuto de refugiado climático já está contemplada na lei de bases do clima.

No debate, a deputada do PAN, Inês Sousa Real, considerou que se assiste “à destruição impune dos ecossistemas sem exigir as devidas responsabilidades por quem toma as decisões”, com “crimes ambientais que afetam a saúde, a economia e a nossa própria sobrevivência”.

Já Fabian Figueiredo (BE), outro dos partidos com uma proposta de criação do estatuto de refugiado climático, criticou o “modelo económico gerador de desigualdade” e pediu uma “organização social e territorial que proteja as pessoas das cheias, dos incêndios ou da erosão”.

Isabel Mendes Lopes, líder da bancada do Livre que propôs um regime jurídico da mobilidade ambiental e defendeu a criação do crime de ecocídio, porque as propostas asseguram “recomendações de iniciativas multilaterais” de que Portugal faz parte, considerando que o “impacto das catástrofes ambientais nas pessoas tem de ser uma preocupação transversal das políticas públicas, dentro e fora de portas”.

Por seu turno, Miguel Costa Matos, do PS, partido que propõe a “proteção subsidiária a migrantes sujeitos a eventos climáticos extremos”, considerou que é necessário “diferenciar quem é imigrante por motivos económicos e sociais, que deve estar sujeito a um estatuto, mesmo que essa migração seja agravada pelas alterações climáticas” de “quem procura refúgio porque foi afetado por um fenómeno climático extremo”.

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SINISTRALIDADE: 11 MIL ACIDENTES E 34 MORTOS NO PRIMEIRO MÊS DE 2025

Quase 11 mil acidentes rodoviários ocorreram nas estradas portuguesas no mês de janeiro que provocaram 34 mortos, um ligeiro aumento face ao mesmo período do ano passado, indicou hoje a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).

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Quase 11 mil acidentes rodoviários ocorreram nas estradas portuguesas no mês de janeiro que provocaram 34 mortos, um ligeiro aumento face ao mesmo período do ano passado, indicou hoje a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).

O relatório da sinistralidade da ANSR dá conta que, entre 01 e 30 de janeiro, se registaram 10.932 acidentes, 34 mortos, 134 feridos graves e 3.073 feridos ligeiros.

Em comparação com o mesmo mês de 2024, registaram-se mais 52 acidentes e mais um morto, enquanto os feridos graves e ligeiros diminuíram, menos 55 e 65 respetivamente.

No primeiro mês do ano ocorreram mais acidentes nas estradas no distrito de Lisboa, num total de 2.033, seguido do Porto (1.896), Aveiro (891) e Braga (854).

Também é no distrito de Lisboa onde se registaram mais vítimas mortais em janeiro (5), enquanto em Aveiro e Braga morreram em cada um dos distritos quatro pessoas devido aos acidentes.

A ANSR indica ainda que os feridos graves ocorrem na maioria dos distritos de Lisboa (27), Santarém (15) e Setúbal (13).

O número de mortos diz respeito às vitimas cujo óbito foi declarado no local do acidente ou a caminho do hospital.

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