REGIÕES
FOZ CÔA: INVESTIGADORES ADMITEM TER DESCOBERTO O MAIOR PAINEL DE ARTE RUPESTRE AO AR LIVRE
Uma equipa multidisciplinar acredita ter colocado a descoberto um dos maiores painéis de arte rupestre ao ar livre, com cerca de 10 metros de comprimento, no sítio da Fariseu, no Vale do Côa, com a descida do caudal do rio.
Uma equipa multidisciplinar acredita ter colocado a descoberto um dos maiores painéis de arte rupestre ao ar livre, com cerca de 10 metros de comprimento, no sítio da Fariseu, no Vale do Côa, com a descida do caudal do rio.
Todo o trabalho começou em abril do ano passado, com a descoberta da maior gravura ao ar livre, representativa de um auroque (boi selvagem), gravada numa rocha no sítio do Fariseu, no Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), datada do Paleolítico Superior.
A ampliação da área de trabalho permitiu, como agora os investigadores sublinham, “perceber a relação da vida quotidiana do Paleolítico Superior com a arte do Côa”.
No ano passado, os trabalhos tiveram de ser suspensos devido à pandemia da covid-19, mas foram retomados em junho último, e o auroque começou a ser visitado por pequenos grupos que faziam o percurso a pé, a nado ou de canoa.
Os arqueólogos sempre acreditaram no potencial rupestre da designada “rocha 09” do PACV, que fica a cerca de 50 metros do rio Côa.
Os investigadores, para continuarem aos trabalhos arqueológicos, tiveram a colaboração da EDP, que baixou o caudal do rio Côa em dois metros, o que ajudou a colocar a descoberto aquilo que hoje é considerado um dos maiores painéis de arte rupestre ao ar livre de todo o mundo.
A última vez que o rio Côa baixou para a realização de sondagens arqueológicas foi em 2007.
“Aproveitamos os três dias de abaixamento das águas do rio Côa para dar continuidade aos trabalhos de descoberta da ‘rocha 09’ do Fariseu. Este trabalho deu-nos a oportunidade única de escavar sedimentos que por norma estão por baixo da água do rio”, explicou à Lusa o arqueólogo Thierry Aubry, da Fundação Côa Parque (FCP).
Segundo o arqueólogo, o painel onde se encontra ‘picotado’ o maior auroque do mundo, que inicialmente tinha 3,5 metros visíveis, com estas sondagens revelou uma extensão de 10 metros de comprimento.
“Este é o maior painel gravado com motivos rupestres existentes no Vale do Côa, com uma composição que demonstra um outro interesse científico, porque estamos num sítio privilegiado ao nível da arte rupestre”, vincou o investigador.
Outro dos passos dados foi perceber a composição do sítio rupestre e a forma de como os sedimentos taparam a rocha e todo o seu processo de datação geológica.
“Obtivemos resultados arqueológicos de que ninguém estava à espera, já que temos um painel de cerca de 10 metros de rocha gravada, o que é excecional. Esta escavação deu-nos a oportunidade de perceber a relação da vida quotidiana do Paleolítico Superior e arte do Côa, vincou Thierry Aubry.
Segundo o arqueólogo da FCP, os próximos passos vão no sentido de se fazer o diagnóstico de todo material recolhido, para “saber exatamente” o que a ocupação humana de milhares de anos foi deixando nestas camadas de sedimentos nas margens do rio Côa.
Durante os trabalhos de prospeção, todos os materiais extraídos das escavações foram minuciosamente analisados, lavados e catalogados, para se perceber a sua importância histórica, arqueológica e científica.
“Ao contrário das outras rochas, temos muitas fêmeas de auroque que caminham em sentido diferente do grande auroque macho, ou seja, em direção ao leito do rio Côa. Ficamos com [a impressão de] que estamos num desenho animado datado do Paleolítico Superior”, explicou.
Por seu lado, Cristina Gameiro, investigadora da Universidade de Lisboa, disse que foi importante reforçar a equipa de arqueólogos, já que conhece todo este potencial do sítio do Fariseu.
“Tivemos muito pouco tempo e tivemos de aproveitar estes três dias em que a EDP baixou o caudal da albufeira do Pocinho, porque se trata de um sítio muito importante do ponto de vista arqueológico, e encontrar artefactos que identificassem vários níveis de habitat do período do Paleolítico Superior”, indicou a investigadora.
Para Cristina Gameiro, há artefactos que “são difíceis de datar”, mas em compensação foram encontradas mais gravuras rupestres.
“São achados únicos num local único como é o Vale do Côa. Agora, é preciso identificar o modo de vida dos caçadores recoletores do Paleolítico Superior, que ocuparam este espaço “, disse a investigadora.
Já Cristina Araújo da Direção Geral Património Cultural (DGPC), da equipa de investigadores, é da opinião de que estas escavações “são importantes para identificar o imaginário e as qualidades humanas destas comunidades que ocuparam o Vale do Côa”.
“O importante é que estas comunidades reservaram parte do seu tempo para deixar o cunho pessoal nestas pedras de xisto, que têm um significado muito importante para a espécie humana”, enfatizou.
A chamada “rocha 09” do Fariseu representa um dos principais núcleos de arte rupestre do Vale do Côa, classificados como Monumento Nacional, e inscritos na Lista do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
A escavação surgiu no contexto do estudo do contexto arqueológico da arte paleolítica do Vale do Côa, que se vem desenvolvendo há mais de 25 anos.
O PAVC detém mais de mil rochas com manifestações rupestres, identificadas em mais de 80 sítios distintos, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, executadas há cerca de 30.000 anos, cada vez mais expostas a adversidades climatéricas e geológicas.
O PAVC foi criado em agosto de 1996. A arte do Côa foi classificada como Monumento Nacional em 1997 e, em 1998, como Património da Humanidade, pela UNESCO.
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VILA REAL: CONCURSO PARA CONCLUSÃO DO PAVILHÃO DA ESCOLA DIOGO CÃO
O município de Vila Real abriu esta quinta-feira um concurso público, pelo preço base de 900 mil euros, para concluir a requalificação de um pavilhão desportivo, depois de tomar posse administrativa da obra, em abril, por abandono da empreitada.
O município de Vila Real abriu esta quinta-feira um concurso público, pelo preço base de 900 mil euros, para concluir a requalificação de um pavilhão desportivo, depois de tomar posse administrativa da obra, em abril, por abandono da empreitada.
O anúncio do concurso público para a conclusão da empreitada de requalificação e beneficiação do pavilhão da Escola Diogo Cão foi publicado esta quinta-feira em Diário da República (DR).
O preço base do procedimento é de cerca de 900 mil euros, o prazo para entrega de propostas decorre até 13 de fevereiro e, depois de adjudicada, a obra deve ser concluída em 270 dias.
Em abril, a Câmara de Vila Real informou que tomou posse administrativa da obra de requalificação deste pavilhão desportivo, localizado na cidade, por alegado incumprimento do empreiteiro que terá suspendido e abandonado a empreitada.
O processo encontra-se, neste momento, em tribunal.
Em março de 2022, a Câmara de Vila Real anunciou um investimento 1,2 milhões de euros na reabilitação do pavilhão desportivo da Escola Diogo Cão e, na altura, foi referido que a intervenção demoraria cerca de um ano.
O objetivo da intervenção era dotar o pavilhão, já com mais de 50 anos, de “condições de segurança” para a prática educativa e a formação desportiva, servindo a escola e, após o horário letivo, a comunidade.
A autarquia explicou que a empreitada foi organizada em duas fases distintas, adjudicadas a duas empresas e que, ambas as fases, resultaram de candidaturas apresentadas ao Norte 2020 e tiveram uma comparticipação financeira de 85%.
No entanto, segundo explicou, a “existência de duas fases ao mesmo tempo veio a revelar-se de muito difícil compatibilização exacerbando o comportamento, já de si, pouco consensual” do empreiteiro em causa, tendo mesmo esta empresa “suspendido de forma unilateral a sua empreitada e abandonado a empreitada, obrigando o município a agir em conformidade e em defesa do interesse público municipal”.
Para efeito, a câmara avançou com a aplicação de sanção contratual no valor de cerca de 217 mil euros (mais IVA), “por atraso reiterado no cumprimento das obrigações decorrentes do contrato”, e procedeu “à resolução do contrato a título sancionatório, tomando a posse administrativa da obra, bem como dos bens móveis e imóveis à mesma afetos, procedendo aos inventários, medições e avaliações necessárias”.
O município referiu que vai conseguir recuperar parte do financiamento comunitário desta obra, já no âmbito do novo quadro comunitário.
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MATOSINHOS: MILITAR DA GNR ALVO DE PROCESSO DISCIPLINAR POR ALEGADA AGRESSÃO
O Comando Geral da GNR instaurou um processo disciplinar a um militar na sequência de uma alegada agressão a um condutor no sábado, em Perafita, Matosinhos, confirmou hoje à Lusa a Guarda.
O Comando Geral da GNR instaurou um processo disciplinar a um militar na sequência de uma alegada agressão a um condutor no sábado, em Perafita, Matosinhos, confirmou hoje à Lusa a Guarda.
Questionada pela Lusa sobre a alegada agressão hoje revelada por vários órgãos de comunicação social com base num suposto vídeo, a Divisão de Comunicação e Relações Públicas da GNR respondeu sem nunca mencionar ter havido agressão.
“Cumpre-me informar que a situação visualizada no vídeo ocorreu no passado sábado, dia 25 de janeiro, na localidade de Perafita, em Matosinhos, na sequência de uma ocorrência de acidente de viação, tendo resultado na detenção do condutor envolvido, pelo crime de condução sob influência de álcool”, lê-se na resposta assinada pelo major David dos Santos.
E acrescenta: “adicionalmente, importa ainda referir que, depois de analisadas as imagens no referido vídeo, foi determinada a abertura do respetivo procedimento de âmbito disciplinar, com vista ao apuramento das circunstâncias em que ocorreram os factos”.
A Lusa perguntou também se o militar permanece em funções ou se foi afastado, mas não obteve resposta.
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