CIÊNCIA & TECNOLOGIA
CIBERATAQUES: É IMPORTANTE PERCEBER QUE ‘VAMOS TODOS SER ATACADOS’
O coordenador do CERT.PT, serviço integrante do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), afirmou hoje que é “importante” perceber que todos vão ser alvo de ciberataques, sendo que este tipo de ataques regista um “crescendo” nos últimos anos.
O coordenador do CERT.PT, serviço integrante do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), afirmou hoje que é “importante” perceber que todos vão ser alvo de ciberataques, sendo que este tipo de ataques regista um “crescendo” nos últimos anos.
Nuno Marques falava na 8.ª edição da C-Days, do CNCS, que hoje terminou e dedicado ao tema “Apostar na prevenção”, no painel sobre Riscos e Conflitos, “As primeiras 48 horas na deteção de um ataque – casos de uso”.
“O importante também é perceber que vamos todos ser atacados”, salientou Nuno Marques, referindo o CERT.PT registou em 2020 cerca de “700 incidentes” durante todo ano e que em 2022 já vão mais de 1.000.
“Isto não é porque este ano está a ser um ano extraordinário a nível de incidentes, embora alguns tenham realmente mais impacto do que estamos habituados, mas tem sido simplesmente um crescendo nos últimos anos”, prosseguiu.
Por isso, “cada vez mais vamos ser mais atacados e não deixem para lições aprendidas fazer os planos”, alertou.
Porque os planos de prevenção, de contingência, “já têm que existir” antes dos ataques, salientou.
Durante um ciberataque existem quatro fases — prevenção, deteção, mitigação e recuperação.
Rui Ramalho, diretor de sistemas de informação do grupo Germano de Sousa, salientou que durante um ataque “é muito importante” envolver todas as equipas.
“Na recuperação devemos ser mais resilientes, tentar manter aquilo que temos, recuperar o que temos” e não reforçar o sistema com novas funcionalidades e tecnologias, defendeu o responsável.
Os laboratórios Germano de Sousa foram uma das empresas portuguesas que foi alvo de um ciberataque este ano.
Sobre como deve ser a comunicação de uma empresa alvo de um ciberataque, Rui Ramalho considerou que “deve haver comunicação com conta, peso e medida” e ir fazendo atualização do processo.
Também Luís Valente, diretor de cibersegurança da MC Sonae, considerou que se deve “sempre comunicar” que a empresa foi alvo de um ciberataque.
“Não adianta não comunicar e muito menos ter comunicações ambíguas”, salientou.
Nuno Marques sublinhou que é preciso ser “transparente” na comunicação.
“A comunicação tem de ser concreta, concisa e periódica ao longo do tema”, sublinhou o responsável do CERT.PT, dando o exemplo da comunicação feita pela Vodafone Portugal após ter sido vítima de um ataque informático.
Por sua vez, o diretor de sistemas de informação da Impresa, José Galvão, defendeu ser “muito importante ter planos de contingência bem definidos” e “estar preparado por antecipação para pedir ajuda”.
Além disso, sublinhou que é “importantíssimo” a parte da consciencialização, que “as pessoas tenham noção das ameaças e das boas práticas”, defendeu.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
MARTE TEVE PERÍODOS QUENTES E ÁGUA DURANTE 40 MILHÕES DE ANOS
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
O facto de atualmente Marte ser frio e seco mas ter tido rios e lagos há vários milhares de milhões de anos intriga os cientistas há décadas.
“Tem sido um verdadeiro mistério que houvesse água líquida em Marte, porque Marte está mais longe do Sol e, além disso, o Sol era mais fraco no início”, explicou, em comunicado, Danica Adams, investigadora de pós-doutoramento da NASA na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson (SEAS) de Harvard e principal autora do novo artigo publicado na Nature Geoscience.
Anteriormente, existia a teoria de que o hidrogénio era o ingrediente mágico que, quando misturado com o dióxido de carbono da atmosfera marciana, desencadeava episódios de aquecimento global. Mas a vida útil do hidrogénio atmosférico é curta, pelo que foi necessária uma análise mais detalhada.
Agora, Adams, o professor Robin Wordsworth de Ciências Ambientais e Engenharia na SEAS, e a sua equipa realizaram modelação fotoquímica (semelhante aos métodos utilizados hoje em dia para rastrear poluentes atmosféricos) para preencher os detalhes da relação da atmosfera marciana primitiva com o hidrogénio e como este relacionamento mudou ao longo do tempo.
“Marte antiga é um mundo perdido, mas pode ser reconstruído em detalhe se fizermos as perguntas certas”, frisou Wordsworth.
“Este estudo sintetiza a química atmosférica e o clima pela primeira vez para fazer algumas previsões surpreendentes que podem ser testadas quando trouxermos rochas de Marte para a Terra”, acrescentou.
Adams modificou um modelo chamado CINETICA para simular como uma combinação de hidrogénio e outros gases que reagem com o solo e o ar controlavam o clima marciano primitivo.
Descobriu que durante os períodos Noachiano e Hesperian, entre há 4 e 3 mil milhões de anos, Marte passou por períodos quentes episódicos ao longo de cerca de 40 milhões de anos, com cada evento a durar 100.000 anos ou mais.
Estas estimativas são consistentes com as características geológicas de Marte atualmente. Os períodos quentes e húmidos eram causados pela hidratação da crosta, ou perda de água do solo, que fornecia hidrogénio suficiente para se acumular na atmosfera durante milhões de anos.
“Identificámos escalas de tempo para todas estas alternâncias. E descrevemos todas as peças no mesmo modelo fotoquímico”, sublinhou Adams.
O trabalho de modelação fornece novas perspetivas potenciais sobre as condições que sustentaram a química prebiótica (os fundamentos da vida posterior como a conhecemos) durante os períodos quentes, e os desafios para a persistência dessa vida durante os intervalos frios e oxidativos.
Adams e outros cientistas estão a começar a trabalhar para encontrar evidências destas alternâncias utilizando modelos químicos isotópicos e planeiam comparar estes resultados com rochas da próxima missão Mars Sample Return (MRS).
Como Marte não possui placas tectónicas, ao contrário da Terra, a superfície visível atualmente é semelhante à de antigamente, tornando a sua história dos lagos e rios muito mais intrigante, realçou ainda.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
ASTEROIDE BENNU REVELOU EXISTÊNCIA DE MOLÉCULAS DE ADN
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
De acordo com o trabalho publicado esta quarta-feira na revista científica Nature Astronomy, as amostras analisadas revelaram a presença das cinco bases nitrogenadas — adenina, guanina, citosina, timina e uracilo — necessárias para a construção de ADN e ARN.
Foram igualmente identificados pelos investigadores da Universidade Hokkaido, no Japão, os compostos xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3).
Uma amostra de 121,6 gramas do asteroide Bennu chegou à Terra em 2023 à “boleia” da missão Osiris-Rex, da agência espacial norte-americana (NASA).
Tratou-se da maior amostra extraterrestre recolhida e enviada para a Terra.
Segundo uma das teses, os asteroides (corpos rochosos do Sistema Solar) contribuíram com água e componentes químicos essenciais para a vida na Terra há milhares de milhões de anos.
Embora os meteoritos na Terra provenham de asteroides, a interpretação dos seus dados “é desafiante” face à “exposição à humidade” da atmosfera e a “uma biosfera descontrolada”, refere a Universidade Hokkaido em comunicado, assinalando que “amostras imaculadas recolhidas de asteroides no espaço são os candidatos ideais”.
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