NACIONAL
ESTUDO RECOMENDA O ALARGAMENTO DA VACINA CONTRA HPV
Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) concluiu que o alargamento da vacinação contra o vírus do Papiloma Humano (HPV) em adolescentes e jovens adultos do sexo masculino deve estender-se até aos 26 anos.
Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) concluiu que o alargamento da vacinação contra o vírus do Papiloma Humano (HPV) em adolescentes e jovens adultos do sexo masculino deve estender-se até aos 26 anos.
Em causa está o alargamento da vacinação a adolescentes e jovens adultos do sexo masculino que não tenham iniciado a sua vida sexual.
Com este alargamento, acreditam os especialistas, poder-se-ia reduzir o risco de infeção pelo vírus e o desenvolvimento de doenças associadas, como o cancro.
“Na população masculina, a vacina contra o HPV é eficaz na prevenção de doenças associadas a este vírus. A eficácia da vacina é maior nos indivíduos que ainda não tiveram infeção por HPV, isto é, antes do início da atividade sexual. Contudo a sua eficácia mantém-se significativa nos homens, mesmo com infeção ou doença prévia por HPV, até aos 26 anos”, explica a investigadora Carmen Lisboa, citada num resumo do estudo partilhado com a Lusa.
Os dados deste estudo foram já publicados na revista científica Vaccines.
A equipa reviu dados a nível internacional que envolveram 14.239 participantes do sexo masculino, dos quais 1.076 eram rapazes com idades entre os 9 e os 15 anos, de vários países do mundo e com diferentes orientações sexuais.
Os resultados mostraram uma eficácia maior da vacina em homens sem infeção pelo HPV, o que corresponde aos rapazes mais novos, sobretudo crianças e adolescentes.
Ficou também evidente a eficácia da vacina em homens até aos 26 anos de idade, com ou sem história de infeção por HPV.
Carmem Lisboa acrescenta que “os estudos realizados e analisados nesta revisão sistemática não evidenciaram diferenças na eficácia da vacina na prevenção de infeção e doenças associadas ao HPV em grupos de homens com diferente orientação sexual ou homens com infeção por VIH, até àquela idade”.
Inicialmente, a vacina contra o HPV foi recomendada para administração a raparigas antes do início da atividade sexual, entre os 10 e os 12 anos.
Mais tarde, a investigação veio demonstrar a eficácia da vacina também nos rapazes e desde 1 de outubro de 2020, o Programa Nacional de Vacinação (PNV) alargou a vacinação contra o HPV aos rapazes, sendo administrada aos 10 anos.
A idade máxima para iniciar esta vacinação nos rapazes é 17 anos.
A infeção pelo HPV é a infeção de transmissão sexual mais frequente entre os mais jovens (dos 15 aos 25 anos de idade).
Até 80% dos homens e mulheres serão infetados pelo HPV em determinado momento da sua vida.
Além do trato anogenital, o vírus pode invadir a cavidade oral, orofaringe e laringe, provocando doenças malignas, como cancro anal e genital, bem como cancro da cabeça e pescoço.
A vacina é preventiva, não servindo para tratar a infeção em pessoas que já estão infetadas.
Dados da FMUP apontam que “a eficácia da vacina nos homens até aos 26 anos sem infeção prévia varia de 89% para as verrugas genitais e entre 90% a 92% na prevenção de lesões pré-cancerosas e cancro anal”.
“Dado que temos evidência da eficácia até aos 26 anos, a vacinação gratuita no PNV deveria contemplar estes jovens até aos 26 anos inclusive, ou seja, até ao dia antes de fazerem 27 anos”, defende Carmem Lisboa.
Reconhecendo que “o custo é uma das principais barreiras à vacinação contra o HPV”, a investigadora acrescenta que “o facto de ser divulgada como prevenção do cancro do colo de útero, direcionada ao sexo feminino, tornou mais difícil a sua implementação no sexo masculino”.
“A vacinação contra o HPV deverá ser neutra de género”, frisa.
O estudo “Impact of Human Papillomavirus Vaccination on Male Disease: A Systematic Review”, em português “Impacto da vacinação contra o papilomavírus humano nas doenças masculinas: uma revisão sistemática”, é também assinado por Catarina Rosado, Ângela Rita Fernandes e Acácio Gonçalves Rodrigues, docentes da FMUP e investigadores CINTESIS@RISE.
Esta investigação teve financiamento do programa Horizonte Europa e Norte 2020.
NACIONAL
BOMBAS AUTOMÁTICAS DE INSULINA DISPONÍVEIS NAS FARMÁCIAS NOS PRÓXIMOS DIAS
As farmácias iniciam nos próximos dias a dispensa das bombas automáticas de insulina para o tratamento da diabetes tipo 1, depois de concluída a necessária atualização dos sistemas informáticos e a rede logística para permitir a disponibilização aos utentes.
As farmácias iniciam nos próximos dias a dispensa das bombas automáticas de insulina para o tratamento da diabetes tipo 1, depois de concluída a necessária atualização dos sistemas informáticos e a rede logística para permitir a disponibilização aos utentes.
“Esperamos que nos próximos dias a situação esteja estabilizada e que já seja possível fazer essa encomenda através das farmácias”, adiantou à Lusa a presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), Ema Paulino.
Em 21 de janeiro, foi publicada a portaria que criou o regime excecional de comparticipação dos dispositivos médicos de perfusão subcutânea contínua de insulina (PSCI) e dos respetivos consumíveis, permitindo que possam ser adquiridos nas farmácias comunitárias, uma medida que era reivindicada pelas associações representativas dos diabéticos.
A portaria do Ministério da Saúde, que entra em vigor na sexta-feira, justificou a medida com a necessidade de “melhorar o desempenho do processo atual” com o objetivo de garantir a disponibilização das bombas automáticas de insulina a um maior número de utentes e com maior celeridade.
Até agora essas bombas eram disponibilizadas através dos centros de tratamento.
“Neste momento, estamos a preparar o processo, que é algo complexo, uma vez que implica atribuir códigos informáticos a cada uma das bombas e a cada um dos consumidores das bombas”, adiantou Ema Paulino.
Além disso, está a ser adaptada a cadeia logística, ou seja, estão a ser “criadas as pontes” entre a indústria, os distribuidores farmacêuticos e as próprias farmácias, referiu a presidente da ANF, ao adiantar que também “é preciso assegurar o sistema de prescrição”.
“Os códigos que estão a ser criados para as bombas e para os consumíveis também vão ser os códigos que vão ser utilizados pelos médicos prescritores para poderem passar as receitas”, explicou.
“A informação que tenho é que não demorará mais de uma a duas semanas para todo o sistema estar estabilizado”, estimou a presidente da ANF, ao salientar que está também a ser preparada formação adicional para as equipas das farmácias no sentido de prestarem esclarecimentos aos utentes sobre os dispositivos.
A prescrição destes dispositivos só poderá ser realizada por especialistas em medicina interna, endocrinologia e pediatria, desde que devidamente autorizados e identificados pelos centros de tratamento, reconhecidos pela Direção-Geral da Saúde no âmbito da consulta onde o utente é acompanhado.
Segundo a portaria, os dispositivos médicos abrangidos por este regime excecional são comparticipados a 100% pelo Estado no seu preço, quando destinados a beneficiários do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dispensados em farmácia de oficina.
O programa integrado de tratamento das pessoas com diabetes tipo 1 pretende garantir a disponibilização destes dispositivos a todos os potenciais beneficiários com desenvolvimento progressivo até 2026.
Segundo a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), que tem exigido a disponibilização das bombas nas farmácias, a sua utilização pode proporcionar uma melhor compensação, assim como uma redução em 80% do número de picadas nos dedos e 95% do número de injeções que uma pessoa com diabetes tipo 1 tem de dar por ano, contribuindo para uma melhoria significativa da qualidade de vida.
A APDP estima que serão mais de 30.000 as pessoas que vivem com diabetes tipo 1 em Portugal, 5.000 das quais serão crianças e jovens.
A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune em que o sistema imunológico da própria pessoa compromete o funcionamento das células do pâncreas que produzem insulina.
NACIONAL
PRODUÇÃO DE AZEITE EM PORTUGAL PODERÁ SUBIR 15% EM 2025
A produção de azeite em Portugal deverá subir este ano quase 15% em relação ao ano passado e atingir as 170 mil toneladas, estimou hoje a maior associação nacional do setor, responsável por 120 mil toneladas.
A produção de azeite em Portugal deverá subir este ano quase 15% em relação ao ano passado e atingir as 170 mil toneladas, estimou hoje a maior associação nacional do setor, responsável por 120 mil toneladas.
Em declarações à agência Lusa, Susana Sassetti, diretora executiva da Olivum – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal, indicou que esta estimativa é feita com base na produção dos associados da organização.
Os olivicultores e lagares da Olivum, salientou, produziram, “no ano passado, à volta das 105 mil toneladas” de azeite e a produção apurada na campanha deste ano “foi de 120 mil toneladas”, correspondendo a um aumento de cerca de 15%.
“De acordo com a percentagem que representávamos na produção do ano passado, que era mais ou menos de 70%, prevemos que a campanha nacional deste ano ande à volta das 170 mil toneladas”, adiantou a responsável.
Segundo a diretora executiva da Olivum, citando dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a produção nacional de azeite na campanha de 2024 tinha atingido as 150 mil toneladas.
“Esta percentagem [da representação da produção dos associados da Olivum em termos nacionais] pode não corresponder à realidade”, pois “muitos novos olivais foram plantados e entraram em produção”, advertiu.
Questionada pela Lusa sobre se o aumento da quantidade produzida em Portugal pode fazer descer o custo do azeite, Susana Sassetti esclareceu que “o preço não depende da produção nacional”, sendo “definido por Espanha, o maior produtor a nível mundial”.
“Se Portugal anda à volta das 150 mil ou das 200 mil toneladas, em Espanha há anos que chega a 1,4 milhões de toneladas”, comparou, lembrando que as campanhas mais recentes no país vizinho tiveram produções mais baixas, devido à seca, fazendo disparar os preços.
Assinalando que, este ano, “Espanha volta a ter a produção que normalmente costuma ter”, a diretora executiva da Olivum observou que o preço tem vindo a baixar, mas “não voltará ao nível em que estava há quatro ou cinco anos”.
Quanto à campanha deste ano, Susana Sassetti realçou que “a produção de azeitona foi maior do que a do ano passado”, mas, “em termos do rendimento em azeite, ou seja, a transformação da azeitona em azeite, acabou por ser igual à do ano passado, por causa das condições climatéricas”.
“Foi uma campanha que começou mais cedo do que normalmente costuma começar e originou bons azeites”, apesar de, na parte final, ter havido “alguma chuva e calor ao mesmo tempo, o que não é bom e favorece o surgimento de doenças ou pragas nos olivais”, acrescentou.
Com sede em Beja, a Olivum é uma associação de olivicultores e lagares e foi constituída em 2013 para dar respostas a novas questões da cultura do olival, incluindo a necessidade da defesa e representatividade do setor, na altura quase inexistente.
Esta associação representa mais de 50 mil hectares de olival, 20 lagares e cerca de 70% da produção nacional de azeite.
Portugal é o sexto maior produtor olivícola mundial e o quarto europeu.
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