Ligue-se a nós

CIÊNCIA & TECNOLOGIA

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: ESPECIALISTAS ALERTAM PARA FALTA DE CONTROLO E REGULAÇÃO

Os principais especialistas mundiais em Inteligência Artificial (IA) alertaram hoje para a falta de regulação e controlo da tecnologia e pediram aos líderes mundiais uma maior intervenção, sob pena de um “risco catastrófico” para a humanidade.

Online há

em

Os principais especialistas mundiais em Inteligência Artificial (IA) alertaram hoje para a falta de regulação e controlo da tecnologia e pediram aos líderes mundiais uma maior intervenção, sob pena de um “risco catastrófico” para a humanidade.

“A cibercriminalidade em grande escala, a manipulação social e outros danos podem aumentar rapidamente” e, em “caso de conflito aberto, os sistemas de IA poderiam utilizar de forma autónoma uma série de armas, incluindo armas biológicas”, acrescentam, admitindo uma “possibilidade muito real de que o avanço incontrolado da IA possa culminar numa perda de vidas e da biosfera em grande escala e na marginalização ou extinção da humanidade”, afirmam 25 autores de renome em IA, num documento hoje publicado na revista Science.

Os autores salientam que “é imperativo que os líderes mundiais levem a sério a possibilidade de sistemas de IA generalistas altamente potentes – que superem as capacidades humanas em muitos domínios críticos – virem a ser desenvolvidos na presente década ou na próxima” e as “tentativas para introduzir orientações iniciais” não estão a ser suficientes.

Falta de investigação sobre segurança nos sistemas é uma das principais preocupações dos peritos, que estimam em menos de 3% as publicações cientificas sobre o tema, a que se soma a ausência de “mecanismos para prevenir a utilização indevida e a imprudência, nomeadamente no que respeita à utilização de sistemas autónomos capazes de agir de forma independente”, referem os autores, uma lista que inclui galardoados Nobel, investigadores e vencedores do Prémio Turing.

No documento, intitulado “Gerir riscos extremos de IA no meio do rápido progresso”, os subscritores recomendam aos governos que “criem instituições especializadas e de ação rápida para a supervisão”, com um financiamento robusto, “exigência de avaliações de risco muito mais rigorosas e com consequências obrigatórias” e que as empresas “deem prioridade à segurança e demonstrem que os seus sistemas não podem causar danos”.

Nos casos dos sistemas de IA mais potentes, os autores defendem que os “governos devem estar preparados para assumir a liderança na regulamentação”, incluindo o licenciamento, “a restrição da sua autonomia em funções sociais fundamentais, a interrupção do seu desenvolvimento e implantação em resposta a capacidades preocupantes”, entre outras matérias.

Para os subscritores do documento, os riscos da IA são “catastróficos”, porque a tecnologia “já está a progredir rapidamente em domínios críticos como a pirataria informática, a manipulação social e o planeamento estratégico, e poderá em breve colocar desafios de controlo sem precedentes”.

Segundo Stuart Russell, da Universidade de Berkeley, este documento de consenso “apela para uma regulamentação rigorosa por parte dos governos e não códigos de conduta voluntários redigidos pela indústria”, porque os sistemas avançados de IA “não são brinquedos”.

“Aumentar as suas capacidades antes de sabermos como os tornar seguros é absolutamente imprudente. As empresas queixar-se-ão de que é demasiado difícil satisfazer os regulamentos – que ‘a regulamentação sufoca a inovação’”, disse, acrescentando que “há mais regulamentos para as lojas de sandes do que para as empresas de IA”.

Para Philip Torr, da Universidade de Oxford, se existir cuidado, “os benefícios da IA superarão as desvantagens”, mas sem essa preocupação, existe o “risco de um futuro orwelliano com uma forma de estado totalitário que tenha controlo total” da humanidade.

Outro dos autores, o historiador Yuval Noah Harari, recorda que, com esta tecnologia, “a humanidade está a criar algo mais poderoso do que ela própria, que pode escapar ao controlo do ser humano”.

DEIXE O SEU COMENTÁRIO

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

CIÊNCIA & TECNOLOGIA

O MANTO DA TERRA É MENOS MISTURADO DO QUE SE PENSAVA – ESTUDO

Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.

Online há

em

Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.

Ambas as ‘ilhas’ foram descobertas no final do século passado. Os investigadores definem-nas como dois “supercontinentes” localizados entre o núcleo e o manto da Terra: um sob África e o outro sob o Oceano Pacífico, ambos a mais de 2000 quilómetros abaixo da superfície da Terra.

“Estas duas grandes ilhas estão rodeadas por uma espécie de ‘cemitério’ de placas tectónicas que foram transportadas para lá por um processo de subducção, em que uma placa submerge sob outra e se afunda da superfície da Terra até uma profundidade de quase 3.000 quilómetros”, realçou Arwen Deuss, sismóloga da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, e uma das autoras do estudo publicado na quarta-feira na revista Nature.

Até agora, os modelos sísmicos utilizavam apenas velocidades de onda para distinguir a composição e as características térmicas de diferentes partes da estrutura interna da Terra.

A investigação atual combinou as velocidades das ondas com uma técnica chamada “observações de atenuação” que permitiu o estudo do interior da Terra em três dimensões, algo “fundamental para compreender a evolução da composição” do manto, apontaram os autores.

A nova técnica permitiu-lhes “obter uma visão do interior do planeta, semelhante à que os médicos obtêm do corpo humano através dos raios X”.

Os resultados indicaram que, quando atingem estas ‘ilhas’ interiores do tamanho de continentes, as ondas abrandam porque a temperatura é mais elevada.

Ao estudar a composição dos minerais no manto, os investigadores descobriram também que o tamanho dos grânulos minerais nestas ‘ilhas’ gigantes é visivelmente maior do que nas placas tectónicas ‘mortas’ que as rodeiam.

“Estes grânulos minerais não crescem de um dia para o outro, o que só pode significar uma coisa: são muito maiores, mais rígidos e, por isso, mais antigos do que os cemitérios de camadas mortas circundantes. Isto indica que as ‘ilhas’ não participam no fluxo no manto terrestre”, explicou outra autora, Sujania Talavera-Soza, da mesma universidade.

“Ao contrário do que nos ensinam os livros de geografia, o manto também não pode ser bem misturado. Há menos fluxo no manto terrestre do que pensamos”, acrescentou Talavera-Soza.

O conhecimento do manto terrestre é essencial para compreender a evolução do planeta e de outros fenómenos à superfície da Terra, como os vulcões e a formação de montanhas.

Para este tipo de investigação, os sismólogos aproveitam as oscilações provocadas por fortes sismos que ocorrem a grandes profundidades, como o que ocorreu na Bolívia em 1994 — 650 quilómetros abaixo da superfície — sem causar danos ou vítimas, e a descrição matemática da força destas oscilações.

LER MAIS

CIÊNCIA & TECNOLOGIA

UNIVERSIDADE DE COIMBRA LANÇA LIVRO PARA IDENTIFICAÇÃO DE ABELHAS DE PORTUGAL

A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.

Online há

em

A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.

A obra “Chaves Dicotómicas dos Géneros de Abelhas de Portugal. Hymenoptera: Anthophila”, uma adaptação e tradução de “Key to the Genera of European Bees (Hymenoptera: Anthophila)”, é o primeiro a ser publicado sobre o tema para Portugal e em português, revelou a FCTUC, em nota enviada à agência Lusa.

Produzido no âmbito dos projetos PolinizAÇÃO e EPIC-Bee, em colaboração com a Imprensa da Universidade de Coimbra, o livro já está disponível para ‘download’ gratuito.

“Desenvolvido como uma ferramenta para a identificação de géneros de abelhas, o livro destina-se principalmente a um público académico e técnico, constituindo um marco significativo no campo da entomologia e um contributo valioso para a conservação dos insetos polinizadores”, referiu a FCTUC.

A produção do livro técnico contou com o envolvimento de investigadores do FLOWer Lab do Centro de Ecologia Funcional e do Departamento de Ciências da Vida da FCTUC, nomeadamente Hugo Gaspar, Sílvia Castro e João Loureiro.

“Este livro preenche uma lacuna de décadas na investigação sobre as abelhas selvagens em Portugal, uma vez que atualiza o conhecimento e aproxima-o da comunidade entomológica nacional através da adaptação e tradução para a língua portuguesa”, afirmou o entomólogo e aluno de doutoramento da FCTUC, Hugo Gaspar.

O trabalho “será extremamente útil não só para investigadores que trabalham no estudo e conservação de polinizadores, mas também para estudantes, naturalistas e para todos os que tiverem interesse em aprender sobre a identificação de abelhas”, acrescentou.

A obra contou também com a colaboração do investigador da Universidade do Porto, José Grosso-Silva, e da equipa de investigadores ligada ao Laboratório de Zoologia da Universidade de Mons (Bélgica), através dos projetos europeus Spring, Orbit e Epic-Bee.

A FCTUC declarou que este lançamento reforça o compromisso da Universidade de Coimbra em promover a ciência e desenvolver ferramentas de apoio à investigação científica e ao conhecimento sobre biodiversidade.

LER MAIS

MAIS LIDAS