CIÊNCIA & TECNOLOGIA
NOVO MEDICAMENTO PARA ALZHEIMER PODE RETARDAR A DOENÇA – ESTUDO
Um novo medicamento experimental para o tratamento de Alzheimer pode retardar o agravamento da doença entre quatro a sete meses, segundo um estudo divulgado hoje, que aponta, no entanto, o risco de danos cerebrais.
Um novo medicamento experimental para o tratamento de Alzheimer pode retardar o agravamento da doença entre quatro a sete meses, segundo um estudo divulgado hoje, que aponta, no entanto, o risco de danos cerebrais.
O fármaco, chamado donanemab, está a ser desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, que já solicitou a aprovação por parte da agência federal norte-americana para os medicamentos (FDA, na sigla em inglês).
Em maio, a Lilly já tinha anunciado que o donanemab parecia funcionar, mas os resultados finais de um ensaio clínico que envolveu 1.700 doentes só hoje foram publicados pela revista científica Journal of the American Medical Association e apresentados numa conferência da Associação Internacional de Alzheimer em Amesterdão.
À semelhança do fármaco Leqembi, produzido pela farmacêutica japonesa Eisai e recentemente aprovado, o donanemab é composto por anticorpos produzidos em laboratório, administrados por vi intravenosa e que têm como alvo um dos principais responsáveis pela doença de Alzheimer — os aglomerados de proteínas conhecidas como placas amiloides.
Os dois fármacos têm também uma contraindicação séria: a possibilidade de inchaço ou hemorragia cerebral que no estudo da Lily foi associada a três mortes, sendo que cerca de um quarto dos doentes apresentaram sinais de inchaço e 20% tiveram microhemorragias.
Apesar de reconhecerem que estes medicamentos representam uma nova era no tratamento de Alzheimer, os cientistas admitem haver ainda muitas questões sobre o perfil dos pacientes em que devem ser testados e o nível do benefício.
“Provavelmente, os benefícios modestos não seriam questionados por pacientes ou médicos se os anticorpos fossem de baixo risco, baratos e simples de administrar, mas não são nada disso”, escreve o médico Eric Widera, da Universidade da Califórnia, em San Francisco, no editorial do Journal of the American Medical Association.
O estudo envolveu pessoas entre os 60 e 85 anos, que estavam ainda numa fase precoce da doença. Os 1.700 doentes foram divididos em dois grupos, em que metade recebeu infusões mensais do donanemab e a outra metade infusões placebo, ao longo de 18 meses.
Além das placas amiloides, os investigadores monitorizaram os níveis da proteína tau, também responsável pela Alzheimer.
De acordo com os resultados, os dois grupos pioraram ao longo dos 18 meses, mas a evolução foi cerca de 22% mais lenta naqueles que receberam donanemab, sendo que o medicamento parece funcionar melhor nos estágios iniciais da doença, uma vez que os doentes com níveis baixos a médios de tau tiveram um declínio 35% mais lento.
Significa que o donanemab atrasou entre quatro a sete meses o declínio do estado de saúde dos doentes. Entre os doentes a quem foi administrado o medicamento, 47% foram considerados estáveis um ano após o inicio do estudo, comparado com os 29% do outro grupo.
Se aprovado, será o segundo tratamento para a doença de Alzheimer comprovadamente capaz de retardar os sintomas da doença neurodegenerativa, depois de a FDA ter autorizado, no início do mês, a utilização do Leqembi.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
MARTE TEVE PERÍODOS QUENTES E ÁGUA DURANTE 40 MILHÕES DE ANOS
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
O facto de atualmente Marte ser frio e seco mas ter tido rios e lagos há vários milhares de milhões de anos intriga os cientistas há décadas.
“Tem sido um verdadeiro mistério que houvesse água líquida em Marte, porque Marte está mais longe do Sol e, além disso, o Sol era mais fraco no início”, explicou, em comunicado, Danica Adams, investigadora de pós-doutoramento da NASA na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson (SEAS) de Harvard e principal autora do novo artigo publicado na Nature Geoscience.
Anteriormente, existia a teoria de que o hidrogénio era o ingrediente mágico que, quando misturado com o dióxido de carbono da atmosfera marciana, desencadeava episódios de aquecimento global. Mas a vida útil do hidrogénio atmosférico é curta, pelo que foi necessária uma análise mais detalhada.
Agora, Adams, o professor Robin Wordsworth de Ciências Ambientais e Engenharia na SEAS, e a sua equipa realizaram modelação fotoquímica (semelhante aos métodos utilizados hoje em dia para rastrear poluentes atmosféricos) para preencher os detalhes da relação da atmosfera marciana primitiva com o hidrogénio e como este relacionamento mudou ao longo do tempo.
“Marte antiga é um mundo perdido, mas pode ser reconstruído em detalhe se fizermos as perguntas certas”, frisou Wordsworth.
“Este estudo sintetiza a química atmosférica e o clima pela primeira vez para fazer algumas previsões surpreendentes que podem ser testadas quando trouxermos rochas de Marte para a Terra”, acrescentou.
Adams modificou um modelo chamado CINETICA para simular como uma combinação de hidrogénio e outros gases que reagem com o solo e o ar controlavam o clima marciano primitivo.
Descobriu que durante os períodos Noachiano e Hesperian, entre há 4 e 3 mil milhões de anos, Marte passou por períodos quentes episódicos ao longo de cerca de 40 milhões de anos, com cada evento a durar 100.000 anos ou mais.
Estas estimativas são consistentes com as características geológicas de Marte atualmente. Os períodos quentes e húmidos eram causados pela hidratação da crosta, ou perda de água do solo, que fornecia hidrogénio suficiente para se acumular na atmosfera durante milhões de anos.
“Identificámos escalas de tempo para todas estas alternâncias. E descrevemos todas as peças no mesmo modelo fotoquímico”, sublinhou Adams.
O trabalho de modelação fornece novas perspetivas potenciais sobre as condições que sustentaram a química prebiótica (os fundamentos da vida posterior como a conhecemos) durante os períodos quentes, e os desafios para a persistência dessa vida durante os intervalos frios e oxidativos.
Adams e outros cientistas estão a começar a trabalhar para encontrar evidências destas alternâncias utilizando modelos químicos isotópicos e planeiam comparar estes resultados com rochas da próxima missão Mars Sample Return (MRS).
Como Marte não possui placas tectónicas, ao contrário da Terra, a superfície visível atualmente é semelhante à de antigamente, tornando a sua história dos lagos e rios muito mais intrigante, realçou ainda.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
ASTEROIDE BENNU REVELOU EXISTÊNCIA DE MOLÉCULAS DE ADN
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
De acordo com o trabalho publicado esta quarta-feira na revista científica Nature Astronomy, as amostras analisadas revelaram a presença das cinco bases nitrogenadas — adenina, guanina, citosina, timina e uracilo — necessárias para a construção de ADN e ARN.
Foram igualmente identificados pelos investigadores da Universidade Hokkaido, no Japão, os compostos xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3).
Uma amostra de 121,6 gramas do asteroide Bennu chegou à Terra em 2023 à “boleia” da missão Osiris-Rex, da agência espacial norte-americana (NASA).
Tratou-se da maior amostra extraterrestre recolhida e enviada para a Terra.
Segundo uma das teses, os asteroides (corpos rochosos do Sistema Solar) contribuíram com água e componentes químicos essenciais para a vida na Terra há milhares de milhões de anos.
Embora os meteoritos na Terra provenham de asteroides, a interpretação dos seus dados “é desafiante” face à “exposição à humidade” da atmosfera e a “uma biosfera descontrolada”, refere a Universidade Hokkaido em comunicado, assinalando que “amostras imaculadas recolhidas de asteroides no espaço são os candidatos ideais”.
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