NACIONAL
PERTO DE 450 MIL RASTREIOS FICARAM POR FAZER NO PRIMEIRO ANO DE PANDEMIA – ESTUDO
Perto de 450 mil rastreios aos cancros da mama, do útero e do colo e reto ficaram por realizar no primeiro ano de pandemia, bem como 29 milhões de exames complementares de diagnóstico e terapêutica.
Perto de 450 mil rastreios aos cancros da mama, do útero e do colo e reto ficaram por realizar no primeiro ano de pandemia, bem como 29 milhões de exames complementares de diagnóstico e terapêutica.
Os dados fazem parte do estudo “O impacto da pandemia covid-19 na prestação dos cuidados de saúde em Portugal”, promovido pelo Movimento Saúde em Dia, realizado pela consultora MOAI com dados do Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde, recolhidos entre 25 de junho e 05 de julho de 2021.
A análise, que comparou os dados disponíveis do primeiro ano de pandemia (março 2020 a fevereiro de 2021) com o período imediatamente anterior (março 2019 a fevereiro 2020), mostra uma quebra nos rastreios realizados no âmbito do programa de rastreios oncológicos nos cuidados de saúde primários.
Segundo o estudo, que é apresentado hoje na Ordem dos Médicos (OM), em Lisboa, houve menos 21% de mulheres com registo de mamografia nos últimos dois anos (169.485), menos 12% de mulheres com colpocitologia atualizada (140.872) e menos 7% com rastreio do cólon e reto (125.322).
Em declarações à agência Lusa, o bastonário da OM, Miguel Guimarães, considerou estes dados “muito preocupantes”: “Foram quase 450 mil que não fizerem o rastreio, o que significa que o diagnóstico precoce de cancro nestas áreas específicas ficou prejudicado e que vamos ter apresentações de alguns destes cancros em estadios claramente mais avançados, o que já está a acontecer e tem sido relatado pelos serviços de oncologia”.
Por outro lado, salientou, “foram feitos menos 30% de exames complementares de diagnóstico e terapêutica”, o equivalente a menos 29 milhões de atos, o que “num país de 10 milhões tem significado” e “vai ter impacto”.
Miguel Guimarães exemplificou com a quebra de 37% de exames feitos na área da Medicina Física e de Reabilitação, na radiologia (45%), na cardiologia (35%), na pneumologia (54%), na eletroencefalografia (61%), nas endoscopias digestivas (35%) “e por aí adiante”.
Perante este retrato, o bastonário afirmou que esta é “uma situação difícil” e que a sua resolução deve ser considerada “prioritária para o país”.
“Uma nota recente da União Europeia relativamente aos doentes não covid que ficaram para trás dizia que Portugal é dos piores países a nível europeu”, lamentou.
Observou ainda que não se conseguiu ter um mês a partir de março de 2020, início da pandemia, ou um mês deste ano em que a atividade programada assistencial estivesse comparada a um mês homólogo do ano 2019.
“A comparação que, por exemplo, o Governo veio fazer há pouco tempo, dizendo que em abril de 2021 já operamos mais doentes do que em abril de 2020, não é uma comparação séria porque em 2020 os números caíram todos”, disse, explicando que tem que se comparar é com o ano de 2019, antes da pandemia.
Para recuperar os doentes, tem de se fazer mais do que se fazia antes a pandemia, disse, salientando em “em tempo normal”, a atividade assistencial aumenta entre 3% a 5% de um ano para o outro”.
“Não é só resolver o problema das listas de espera, mas tentar identificar todos os doentes que ficaram para trás”, frisou, defendendo que para isso é preciso criar “um programa excecional de recuperação” dos doentes, o que implica um investimento e “uma grande mobilização” das pessoas, do Serviço Nacional de Saúde e dos setores social e privado.
Segundo o bastonário, o programa tem de ser “fácil de executar”, monitorizado “passo a passo” e envolver todos os parceiros.
Por outro lado, “é urgente” libertar os médicos de família para as suas tarefas habituais e contratar médicos que estão fora do sistema e outros profissionais para o plano de vacinação e para as tarefas relacionadas com a covid-19, para pôr “a máquina toda a funcionar”.
NACIONAL
BOMBAS AUTOMÁTICAS DE INSULINA DISPONÍVEIS NAS FARMÁCIAS NOS PRÓXIMOS DIAS
As farmácias iniciam nos próximos dias a dispensa das bombas automáticas de insulina para o tratamento da diabetes tipo 1, depois de concluída a necessária atualização dos sistemas informáticos e a rede logística para permitir a disponibilização aos utentes.
As farmácias iniciam nos próximos dias a dispensa das bombas automáticas de insulina para o tratamento da diabetes tipo 1, depois de concluída a necessária atualização dos sistemas informáticos e a rede logística para permitir a disponibilização aos utentes.
“Esperamos que nos próximos dias a situação esteja estabilizada e que já seja possível fazer essa encomenda através das farmácias”, adiantou à Lusa a presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), Ema Paulino.
Em 21 de janeiro, foi publicada a portaria que criou o regime excecional de comparticipação dos dispositivos médicos de perfusão subcutânea contínua de insulina (PSCI) e dos respetivos consumíveis, permitindo que possam ser adquiridos nas farmácias comunitárias, uma medida que era reivindicada pelas associações representativas dos diabéticos.
A portaria do Ministério da Saúde, que entra em vigor na sexta-feira, justificou a medida com a necessidade de “melhorar o desempenho do processo atual” com o objetivo de garantir a disponibilização das bombas automáticas de insulina a um maior número de utentes e com maior celeridade.
Até agora essas bombas eram disponibilizadas através dos centros de tratamento.
“Neste momento, estamos a preparar o processo, que é algo complexo, uma vez que implica atribuir códigos informáticos a cada uma das bombas e a cada um dos consumidores das bombas”, adiantou Ema Paulino.
Além disso, está a ser adaptada a cadeia logística, ou seja, estão a ser “criadas as pontes” entre a indústria, os distribuidores farmacêuticos e as próprias farmácias, referiu a presidente da ANF, ao adiantar que também “é preciso assegurar o sistema de prescrição”.
“Os códigos que estão a ser criados para as bombas e para os consumíveis também vão ser os códigos que vão ser utilizados pelos médicos prescritores para poderem passar as receitas”, explicou.
“A informação que tenho é que não demorará mais de uma a duas semanas para todo o sistema estar estabilizado”, estimou a presidente da ANF, ao salientar que está também a ser preparada formação adicional para as equipas das farmácias no sentido de prestarem esclarecimentos aos utentes sobre os dispositivos.
A prescrição destes dispositivos só poderá ser realizada por especialistas em medicina interna, endocrinologia e pediatria, desde que devidamente autorizados e identificados pelos centros de tratamento, reconhecidos pela Direção-Geral da Saúde no âmbito da consulta onde o utente é acompanhado.
Segundo a portaria, os dispositivos médicos abrangidos por este regime excecional são comparticipados a 100% pelo Estado no seu preço, quando destinados a beneficiários do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dispensados em farmácia de oficina.
O programa integrado de tratamento das pessoas com diabetes tipo 1 pretende garantir a disponibilização destes dispositivos a todos os potenciais beneficiários com desenvolvimento progressivo até 2026.
Segundo a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), que tem exigido a disponibilização das bombas nas farmácias, a sua utilização pode proporcionar uma melhor compensação, assim como uma redução em 80% do número de picadas nos dedos e 95% do número de injeções que uma pessoa com diabetes tipo 1 tem de dar por ano, contribuindo para uma melhoria significativa da qualidade de vida.
A APDP estima que serão mais de 30.000 as pessoas que vivem com diabetes tipo 1 em Portugal, 5.000 das quais serão crianças e jovens.
A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune em que o sistema imunológico da própria pessoa compromete o funcionamento das células do pâncreas que produzem insulina.
NACIONAL
PRODUÇÃO DE AZEITE EM PORTUGAL PODERÁ SUBIR 15% EM 2025
A produção de azeite em Portugal deverá subir este ano quase 15% em relação ao ano passado e atingir as 170 mil toneladas, estimou hoje a maior associação nacional do setor, responsável por 120 mil toneladas.
A produção de azeite em Portugal deverá subir este ano quase 15% em relação ao ano passado e atingir as 170 mil toneladas, estimou hoje a maior associação nacional do setor, responsável por 120 mil toneladas.
Em declarações à agência Lusa, Susana Sassetti, diretora executiva da Olivum – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal, indicou que esta estimativa é feita com base na produção dos associados da organização.
Os olivicultores e lagares da Olivum, salientou, produziram, “no ano passado, à volta das 105 mil toneladas” de azeite e a produção apurada na campanha deste ano “foi de 120 mil toneladas”, correspondendo a um aumento de cerca de 15%.
“De acordo com a percentagem que representávamos na produção do ano passado, que era mais ou menos de 70%, prevemos que a campanha nacional deste ano ande à volta das 170 mil toneladas”, adiantou a responsável.
Segundo a diretora executiva da Olivum, citando dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a produção nacional de azeite na campanha de 2024 tinha atingido as 150 mil toneladas.
“Esta percentagem [da representação da produção dos associados da Olivum em termos nacionais] pode não corresponder à realidade”, pois “muitos novos olivais foram plantados e entraram em produção”, advertiu.
Questionada pela Lusa sobre se o aumento da quantidade produzida em Portugal pode fazer descer o custo do azeite, Susana Sassetti esclareceu que “o preço não depende da produção nacional”, sendo “definido por Espanha, o maior produtor a nível mundial”.
“Se Portugal anda à volta das 150 mil ou das 200 mil toneladas, em Espanha há anos que chega a 1,4 milhões de toneladas”, comparou, lembrando que as campanhas mais recentes no país vizinho tiveram produções mais baixas, devido à seca, fazendo disparar os preços.
Assinalando que, este ano, “Espanha volta a ter a produção que normalmente costuma ter”, a diretora executiva da Olivum observou que o preço tem vindo a baixar, mas “não voltará ao nível em que estava há quatro ou cinco anos”.
Quanto à campanha deste ano, Susana Sassetti realçou que “a produção de azeitona foi maior do que a do ano passado”, mas, “em termos do rendimento em azeite, ou seja, a transformação da azeitona em azeite, acabou por ser igual à do ano passado, por causa das condições climatéricas”.
“Foi uma campanha que começou mais cedo do que normalmente costuma começar e originou bons azeites”, apesar de, na parte final, ter havido “alguma chuva e calor ao mesmo tempo, o que não é bom e favorece o surgimento de doenças ou pragas nos olivais”, acrescentou.
Com sede em Beja, a Olivum é uma associação de olivicultores e lagares e foi constituída em 2013 para dar respostas a novas questões da cultura do olival, incluindo a necessidade da defesa e representatividade do setor, na altura quase inexistente.
Esta associação representa mais de 50 mil hectares de olival, 20 lagares e cerca de 70% da produção nacional de azeite.
Portugal é o sexto maior produtor olivícola mundial e o quarto europeu.
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