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ECONOMIA & FINANÇAS

PESCADORES ALERTAM QUE SUBIDA DOS COMBUSTÍVEIS DEIXA ATIVIDADE ‘INSUSTENTÁVEL’

Os pescadores do norte do país consideram que o aumento do preço dos combustíveis está a deixar o setor “insustentável” e, lembrando que o valor quase duplicou no último ano, consideram “urgente” que o Estado preste um apoio suplementar.

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Os pescadores do norte do país consideram que o aumento do preço dos combustíveis está a deixar o setor “insustentável” e, lembrando que o valor quase duplicou no último ano, consideram “urgente” que o Estado preste um apoio suplementar.

No porto de pesca da Póvoa de Varzim, que juntamente com a zona vizinha de Caxinas, em Vila do Conde, no distrito do Porto, incorpora a maior comunidade piscatória do país, o desalento é grande, e há já muitas embarcações que não saem para o mar, porque não é financeiramente viável.

“O ano passado metia quatro mil litros de gasóleo, em Aveiro, por 1.500 euros, agora pela mesma quantidade pago 2.500 euros. Assim não vamos aguentar. Temos, cada vez mais, embarcações atracadas e com dificuldades. O Governo tem de fazer algo”, disse Trocato Craveiro, proprietário de uma embarcação, à Agência Lusa.

Este armador, cuja embarcação opera a partir do porto de Aveiro, considera que com este aumento do preço dos combustíveis a atividade se torna “insustentável”, lembrando que “as despesas já eram muitas e o peixe na costa cada vez menos”.

“Estamos a sofrer e qualquer dia iremos fazer uma paralisação coletiva. Em Espanha é tudo mais barato. Aqui a pesca não está a dar, os barcos não estão bem, falta pessoal, e estamos em risco de vender as nossas coisas. São tudo empresas pequenas que não vão aguentar”, acrescentou.

Trocato Craveiro lembra que os pescadores “não têm culpa da subida dos preços dos combustíveis” e insta o Governo “a assumir responsabilidades e apoiar o setor”.

“Já tivemos problema com a pandemia, e mesmo assim nunca parámos de trabalhar para não morrer à fome, mas, consoante as semanas estão a passar, não estamos a aguentar. As embarcações estão paradas e já muitas que estão à venda”, completou o armador.

Essa é a situação de António Braga, proprietário de uma pequena embarcação, para quem a ida à ‘faina’ já não é viável, mediante a subida do preço dos combustíveis.

“Não tenho saído para o mar porque não compensa. Fazer 100 euros não é solução para pagar as despesas. Prefiro ter o barco parado”, confessou, desapontado.

Este pescador lembra que “as despesas já são muitas com os seguros, os impostos da lota e os arranjos mecânicos”, confessando que o dinheiro que tinha poupado “já foi todo”.

“Quando os governantes vão trabalhar têm a gasolina paga pelo Estado. Não querem saber quanto nós pagámos para ir para o mar. Precisamos de apoio, porque senão os barcos vão todos para o abate”, disse revoltado António Braga.

Segundo dados recolhidos pela Agência Lusa no porto poveiro, um litro de combustível para as embarcações estava a ser vendido, em meados do ano passado, a 0,32 cêntimos, mas ao dia hoje o preço aumentou para 0,69 cêntimos.

Um depósito de uma embarcação de dimensão média leva entre 3.000 e 5.000 mil litros de gasóleo para ser atestado, que, consoante o número de dias de atividade, dura cerca de uma semana a ser consumido.

Um dos armadores que opera a partir do porto da Póvoa de Varzim, e que preferiu não ser identificado, estava a preparar uma embarcação que dentro dias vai partir para pescar nas águas da Mauritânia, no norte de África, e para fazer a viagem teve de comprar 14 mil litros do gasóleo, a 0,68 cêntimos, contando que nesse país africano adquire o mesmo combustível a cerca de 0,30 cêntimos/litro.

As associações do setor estão atentas à atual situação e consideram que é fundamental o Estado agir para inverter “a frustração dos pescadores na gestão das suas pequenas empresas”.

“O combustível tem aumentado muito desde o início do ano, mas a quantidade de pescado é cada vez menor e os preços não têm aumentado tal como a subida de combustível. A continuar desta forma, e com o preço médio do pescado estagnado, as embarcações vão ter de parar”, alertou João Leite, da direção da Associação Pró Maior Segurança dos Homens do Mar.

O dirigente tem ouvido diariamente os lamentos dos pescadores e considera que a “Secretaria de Estado das Pescas tem de fazer algo”.

“Esta é uma questão de interesse nacional, não é apenas de um distrito”, concluiu João Leite.

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SETE EM CADA DEZ EMPRESAS DISCORDAM DA SEMANA DE QUATRO DIAS

Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.

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Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.

Elaborado pela Associação Industrial Portuguesa — Câmara de Comércio e Indústria (AIP-CCI) e referente ao quarto trimestre de 2024, o “Inquérito de Contexto Empresarial sobre o Mercado Laboral” indica ainda que 70% das empresas defendem que matérias laborais como carreiras, benefícios, remunerações complementares ou limites de horas extraordinárias deveriam ser concertadas no interior das empresas e não em sede de Contrato Coletivo de Trabalho (CCT).

Relativamente ao banco de horas individual, 71% das empresas inquiridas dá parecer favorável e, destas, 74% entende que deveria ser fixado por acordo dentro da empresa, em vez de nas convenções coletivas de trabalho.

Segundo nota a AIP, entre as empresas que mais defendem esta concertação interna estão as pequenas e médias empresas.

Já em termos de modelo de trabalho, 81% das 523 empresas participantes dizem praticar trabalho presencial, 17% um modelo híbrido e 2% teletrabalho. Entre as que adotaram um modelo híbrido ou remoto, 73% afirmam que tal contribuiu para uma melhoria da produtividade e 84% consideram manter este modelo.

Quando questionadas sobre o Salário Mínimo Nacional (SMN), 83% das empresas concordam com a sua existência, ainda que 65% entendam que não deve ser encarado como um instrumento de redistribuição de riqueza.

Entre as que consideram que o SMN deve ser um instrumento com este fim, 45% diz que deveria ser a sociedade a suportá-lo, através de impostos negativos nos rendimentos mais baixos, enquanto as restantes 55% defendem que deveria ser suportado pelos custos de exploração das empresas.

Relativamente ao valor de 1.020 euros mensais projetados para o SMN até ao final da atual legislatura, mais de metade (56%) das empresas inquiridas apontam que é suportável pela conta de exploração das empresas, embora 95% desconheça algum estudo que aponte o seu setor de atividade como tendo capacidade para o financiar.

Para 65% das empresas, a fixação anual do salário mínimo deveria estar dependente da evolução da produtividade.

Quando questionadas sobre a autodeclaração de doença, 55% das empresas manifestou-se contra, apesar de 89% assinalar que nunca registou um caso destes ou que estes são muito pouco frequentes.

No que respeita ao designado “direito a desligar”, metade das empresas defende-o e outras tantas discordam, sendo que entre as que apresentam maior taxa de rejeição à implementação desta medida estão, sobretudo, as médias e microempresas.

Já quanto a sua comunicação à ACT, 86% das empresas discordam deste procedimento.

O inquérito da AIP-CCI foi realizado entre 12 de outubro e 11 de novembro de 2024 junto de 523 sociedades comerciais de todo o país (24% do Norte, 32% do Centro, 26% da Área Metropolitana de Lisboa, 12% do Alentejo, 3% do Algarve e 3% das ilhas).

A indústria representou 47% da amostra, seguida pelos serviços (26%), comércio (14%), construção (7%), agricultura (3%), alojamento e restauração (2%) e transportes e armazenagem (1%), sendo que 3% eram grandes empresas, 8% médias, 45% pequenas e 44% microempresas.

Da totalidade da amostra, 49,01% são empresas exportadoras.

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ERC: APENAS 4% DOS MEDIA PORTUGUESES FATURAM ACIMA DE 10 MILHÕES

As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.

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As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.

Esta é uma das conclusões do estudo de análise económica e financeira sobre os media em Portugal da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) relativo ao exercício de 2023, que tem por base dados reportados pelos regulados, no âmbito da Lei da Transparência da Titularidade dos Meios de Comunicação Social (Lei nº 78/2015, de 29 de julho).

“A análise conduzida pela ERC apurou que os ativos totais das empresas de comunicação social ascenderam a 1.123.063 euros e os rendimentos totais da atividade a 1.166.911 euros”, lê-se no comunicado do regulador.

Constatou-se “que as empresas com rendimentos superiores a 10 milhões de euros apenas representaram 4% da totalidade de entidades, mas 86% dos ativos, 84% dos capitais próprios do setor e 89% dos rendimentos”, prossegue a ERC.

O regulador refere que sobressai “o facto de não se ter assistido, em 2023, a uma melhoria dos rendimentos das empresas de comunicação social em Portugal, mantendo-se em 53% a percentagem de empresas que registam crescimento dos rendimentos”.

No período em análise, “o número de empresas com resultados líquidos positivos, resultados operacionais ou EBITDA positivos, e capitais próprios positivos situou-se em proporções inferiores a 2022”.

O estudo caracteriza o setor dos media português de “granular, composto por muitas pequenas empresas, em especial nos segmentos mais tradicionais, como as publicações periódicas e as rádios hertzianas”.

Aliás, “são as pequenas empresas que enfrentam maiores dificuldades face à alteração paradigmática da forma como os conteúdos são consumidos e dos interesses e composição dos consumidores, limitando ou inibindo a capacidade de crescimento”.

A publicidade continuou a ser a principal fonte de receitas do setor em 2023, “mas a sua evolução apresentou um comportamento misto entre as principais instituições”.

De acordo com a análise, “verificou-se um aumento das receitas de publicidade do segmento de televisão, mas mais centrado nos canais de televisão por subscrição (STVS) em detrimento do ‘free-to-air’ [canais gratuitos]”.

O consumo de notícias “é cada vez mais fragmentado entre diferentes plataformas comunicacionais e que a utilização do vídeo como fonte noticiosa tem vindo a crescer, especialmente entre os mais jovens”, refere a análise, que adianta que como “principal fonte de conteúdos de vídeo noticiosos surgem as plataformas de partilha de vídeo em detrimento dos ‘sites’ dos editores, o que aumenta os desafios de monetização de produção de conteúdos e conexão destes últimos”.

O estudo completo da ‘Análise Económica e Financeira ao Setor de Media em Portugal no ano 2023’ pode ser consultado na página da ERC.

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