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ALIMENTOS CRUS PARA CÃES SÃO ‘FONTE DE BACTÉRIAS RESISTENTES A ANTIBIÓTICOS’

Um estudo desenvolvido por investigadores da Unidade de Ciências Biomoleculares Aplicadas (UCIBIO) revelou que os alimentos crus comercializados para cães são “uma importante fonte de bactérias resistentes a antibióticos com potencial risco para a saúde pública”, foi hoje revelado.

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Um estudo desenvolvido por investigadores da Unidade de Ciências Biomoleculares Aplicadas (UCIBIO) revelou que os alimentos crus comercializados para cães são “uma importante fonte de bactérias resistentes a antibióticos com potencial risco para a saúde pública”, foi hoje revelado.

Em comunicado, a UCIBIO revela hoje que o estudo visava compreender se os alimentos para os animais de estimação eram “uma potencial fonte de propagação de bactérias resistentes a antibióticos”.

Nesse sentido, os investigadores analisaram a presença de ‘Enterococcus’ [bactérias que podem causar infeções humanas, muitas vezes difíceis de tratar] em amostras de alimentos para cães à venda em supermercados e lojas de animais.

Citada no comunicado, Ana Freitas, investigadora da UCIBIO e da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), afirma que no estudo foram incluídas “55 amostras de rações para cães (22 húmidas, oito secas, quatro semi-húmidas, sete guloseimas e 14 cruas congeladas) de 25 marcas disponíveis nacional e internacionalmente”.

O estudo concluiu que 54% das amostras em estudo continham ‘Enterococcus’ e destas 31% eram multirresistentes, ou seja, “resistentes a mais de três antibióticos de diferentes famílias, incluindo antibióticos considerados de último recurso no tratamento de infeções causadas por diferentes bactérias”.

Paralelamente, todas as amostras de rações cruas congeladas continham Enterococcus multirresistentes, incluindo à linezolida, um antibiótico de “última linha” usado no tratamento de infeções severas e considerado como “criticamente importante” pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

“Apenas três das 41 amostras de rações não cruas continha ‘Enterococcus’ multirresistente”, salienta o comunicado.

A sequenciação genómica de alguns ‘Enterococcus’ das amostras cruas para cães, publicada na revista Emerging Infectious Diseases, revelou que “estes eram semelhantes aos de pacientes hospitalizados no Reino Unido, Alemanha e Holanda”.

“Algumas das bactérias multirresistentes encontradas mostraram ser idênticas às de pacientes hospitalizados em diferentes países europeus”, conclui.

Já os resultados da análise da suscetibilidade bacteriana aos antibióticos foram publicados na revista Internacional Journal of Food Microbiology.

Os investigadores acreditam, com base nos resultados obtidos, que a tendência de alimentar cães com alimentos crus pode estar a contribuir para “a disseminação internacional de bactérias clinicamente relevantes”.

Também citada no comunicado, Luísa Peixe, líder do laboratório da UCIBIO e professora da FFUP, afirma que as autoridades europeias “devem aumentar a consciencialização sobre os riscos de fornecer dietas cruas a animais de estimação”, bem como “rever as práticas sobre a seleção de ingredientes e de higiene no fabrico destes produtos”.

Os investigadores deixam por isso uma recomendação para que os donos de cães lavem “as mãos com água e sabão logo após contacto com rações ou dejetos dos animais”.

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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

MARTE TEVE PERÍODOS QUENTES E ÁGUA DURANTE 40 MILHÕES DE ANOS

Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.

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Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.

O facto de atualmente Marte ser frio e seco mas ter tido rios e lagos há vários milhares de milhões de anos intriga os cientistas há décadas.

“Tem sido um verdadeiro mistério que houvesse água líquida em Marte, porque Marte está mais longe do Sol e, além disso, o Sol era mais fraco no início”, explicou, em comunicado, Danica Adams, investigadora de pós-doutoramento da NASA na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson (SEAS) de Harvard e principal autora do novo artigo publicado na Nature Geoscience.

Anteriormente, existia a teoria de que o hidrogénio era o ingrediente mágico que, quando misturado com o dióxido de carbono da atmosfera marciana, desencadeava episódios de aquecimento global. Mas a vida útil do hidrogénio atmosférico é curta, pelo que foi necessária uma análise mais detalhada.

Agora, Adams, o professor Robin Wordsworth de Ciências Ambientais e Engenharia na SEAS, e a sua equipa realizaram modelação fotoquímica (semelhante aos métodos utilizados hoje em dia para rastrear poluentes atmosféricos) para preencher os detalhes da relação da atmosfera marciana primitiva com o hidrogénio e como este relacionamento mudou ao longo do tempo.

“Marte antiga é um mundo perdido, mas pode ser reconstruído em detalhe se fizermos as perguntas certas”, frisou Wordsworth.

“Este estudo sintetiza a química atmosférica e o clima pela primeira vez para fazer algumas previsões surpreendentes que podem ser testadas quando trouxermos rochas de Marte para a Terra”, acrescentou.

Adams modificou um modelo chamado CINETICA para simular como uma combinação de hidrogénio e outros gases que reagem com o solo e o ar controlavam o clima marciano primitivo.

Descobriu que durante os períodos Noachiano e Hesperian, entre há 4 e 3 mil milhões de anos, Marte passou por períodos quentes episódicos ao longo de cerca de 40 milhões de anos, com cada evento a durar 100.000 anos ou mais.

Estas estimativas são consistentes com as características geológicas de Marte atualmente. Os períodos quentes e húmidos eram causados pela hidratação da crosta, ou perda de água do solo, que fornecia hidrogénio suficiente para se acumular na atmosfera durante milhões de anos.

“Identificámos escalas de tempo para todas estas alternâncias. E descrevemos todas as peças no mesmo modelo fotoquímico”, sublinhou Adams.

O trabalho de modelação fornece novas perspetivas potenciais sobre as condições que sustentaram a química prebiótica (os fundamentos da vida posterior como a conhecemos) durante os períodos quentes, e os desafios para a persistência dessa vida durante os intervalos frios e oxidativos.

Adams e outros cientistas estão a começar a trabalhar para encontrar evidências destas alternâncias utilizando modelos químicos isotópicos e planeiam comparar estes resultados com rochas da próxima missão Mars Sample Return (MRS).

Como Marte não possui placas tectónicas, ao contrário da Terra, a superfície visível atualmente é semelhante à de antigamente, tornando a sua história dos lagos e rios muito mais intrigante, realçou ainda.

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ASTEROIDE BENNU REVELOU EXISTÊNCIA DE MOLÉCULAS DE ADN

Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.

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Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.

De acordo com o trabalho publicado esta quarta-feira na revista científica Nature Astronomy, as amostras analisadas revelaram a presença das cinco bases nitrogenadas — adenina, guanina, citosina, timina e uracilo — necessárias para a construção de ADN e ARN.

Foram igualmente identificados pelos investigadores da Universidade Hokkaido, no Japão, os compostos xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3).

Uma amostra de 121,6 gramas do asteroide Bennu chegou à Terra em 2023 à “boleia” da missão Osiris-Rex, da agência espacial norte-americana (NASA).

Tratou-se da maior amostra extraterrestre recolhida e enviada para a Terra.

Segundo uma das teses, os asteroides (corpos rochosos do Sistema Solar) contribuíram com água e componentes químicos essenciais para a vida na Terra há milhares de milhões de anos.

Embora os meteoritos na Terra provenham de asteroides, a interpretação dos seus dados “é desafiante” face à “exposição à humidade” da atmosfera e a “uma biosfera descontrolada”, refere a Universidade Hokkaido em comunicado, assinalando que “amostras imaculadas recolhidas de asteroides no espaço são os candidatos ideais”.

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